Dados do Trabalho


Título

RELAÇOES ENTRE GENERO E DOENÇAS DA VESICULA BILIAR SOB O PRISMA DA SAUDE PUBLICA HOSPITALAR BRASILEIRA (2008-2019)

Objetivo

Afecções biliares são uma das principais ocorrências cirúrgicas, tanto no caráter eletivo, quanto nas urgências. É amplamente aceito que o gênero feminino é fator de risco para esse acometimento, por uma série de causas – paridade, uso de anticoncepcionais orais, hormônios fisiológicos, dentre outros. Todavia, em termos de mortalidade, alguns estudos apontam que homens podem apresentar risco significativamente maior. Assim, o presente estudo busca avaliar correlações epidemiológicas entre gênero e doenças da vesícula biliar na saúde hospitalar pública brasileira

Método

Trata-se de estudo ecológico, com dados secundários do SIH/SUS, de 2008 a 2019, utilizando-se o código K80, indicando doenças da vesícula e via biliar (DVVB), na classificação do CID10, tendo o Brasil como base populacional. A partir do número absoluto de internações e óbitos, obteve-se a proporção de internamentos e taxa de mortalidade hospitalar (TMH) por gênero e faixa etária. A análise estatística foi realizada por meio da plataforma VassarStat (Vassar College/USA) e OpenEpi 3.01 (MIT/USA), adotando-se p<0,01 significativo

Resultados

No período analisado, houve 2.899.712 internamentos por DVVB no Brasil, sendo que 2.242.126 (77,3%) eram mulheres, evidenciando uma proporção de 3,4 mulheres para cada homem (p<0,01). Ademais, dos 24.555 óbitos registrados no período, 57,4% foram também computados no sexo feminino. Para além, apesar da TMH geral ter sido 0,85%, a TMH sob perspectiva de gênero foi maior nos homens (1,6%), do que em mulheres (0,6%). Ainda, homens apresentaram maior risco de óbito, tanto no âmbito geral [OR=2,5 (2,4-2,6); p<0,01], quanto na estratificação do atendimento, em urgência [OR=1,9 (1,7-2,1); p<0,01] ou eletivo [OR=2,9 (2,7-3,2); p<0,01]. Em complemento, apesar de menores de 65 anos terem sido maioria dos acometidos nos sexos feminino (85,5% dos casos) e masculino (74,6% dos casos), os idosos (maiores de 65 anos) apresentaram maior chance de óbito, tanto entre homens [OR=4,7 (4,6-4,9); p<0,01], quanto mulheres [OR=12,5 (12-13); p<0,01]. Outrossim, no contraste de idade e gênero, o maior risco de mortalidade foi associado tanto a homens jovens [OR=1,3 (1,27-1,36); p<0,01], quanto homens idosos [OR=3,4 (3,3-3,6); p<0,01], no comparativo ao proporcional etário do sexo oposto

Conclusões

Mulheres claramente constituíram a maioria das hospitalizações por DVVB, entretanto homens apresentam relevante maior risco de mortalidade associado aos quadros, sendo essa correlação independente de faixa etária ou caráter de atendimento. Frisa-se que uma importante limitação do estudo se dá pelo sistema SIH/SUS não permitir distinguir índices relacionados apenas a vesícula, daqueles relacionados a via biliar em si, colocando todos os pacientes em um único grupo. Assim, estudos mais robustos se fazem necessário para investigar particularidades, separando essas condições patológicas específicas, o que possibilitaria estratégias de saúde pública mais eficientes, frente a essa importante casuística

Palavras Chave

Colecistopatia biliar; Colecistite; Cirurgia; Gênero; Fator de risco

Área

VIAS BILIARES

Instituições

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - Bahia - Brasil

Autores

JOÃO HENRIQUE FONSECA DO NASCIMENTO, Benjamim Messias de Souza Filho, Adriano Tito Souza Vieira, Andrea Karen Araújo Mascarenhas Oliveira Bastos, André Gusmão Cunha, André Bouzas de Andrade, Monique Magnavita Borba da Fonseca Cerqueira, Bernardo Fernandes Canedo