Dados do Trabalho


Título

APENDICITE SUBHEPATICA - UM CASO RARO E DESAFIADOR

Introdução

A inflamação do apêndice cecal secundária à sua obstrução é conhecida por Apendicite Aguda (AA) e é a principal causa de abdome agudo cirúrgico. Acomete cerca de 8% da população ao longo da vida e tem altos custos associados ao seu tratamento. A apresentação clínica é comumente inespecífica, especialmente pelas possíveis condições subjacentes, como variações anatômicas da posição do órgão, que podem tornar o diagnóstico desafiador e, geralmente, estão associadas a maiores taxas de atraso terapêutico e complicações. O apêndice é majoritariamente retrocecal (61%) e pélvico (35%), mas em até 3% dos pacientes pode ser encontrado em posição subhepática, como neste caso que relatamos.

Relato de Caso

Paciente de 28 anos, masculino, foi atendido no pronto socorro queixando-se de dor abdominal inespecífica, periumbilical, que irradiava para fossa ilíaca direita, associada a náuseas e anorexia, há dois dias. Relatava história de duas semanas de diarreia, que evoluiu com dor abdominal, periumbilical, inespecífica, com duração de três dias e resolução espontânea. Após dois dias, procurou atendimento médico por recorrência da dor, recebendo tratamento sintomático, mas retornou ao serviço de emergência nas circunstâncias deste caso.
Ao exame físico, apresentava abdome globoso, flácido, com ruídos hidroaéreos presentes e atípicos, dor à palpação de fossa ilíaca direita e Sinal do Psoas. Foi solicitada Tomografia Computadorizada de abdome (TC), com contraste, que demonstrou apendicite e abscesso local, sendo indicadas laparotomia e apendicectomia imediatas, além de antibioticoterapia.
Ao inventário, havia bloqueio em todo o hemiabdome direito, sendo visualizado apêndice cecal longo, com necrose distal, aderido ao leito hepático, além de moderada quantidade de pus em cavidade. Optou-se pela drenagem do abscesso, seguida de liberação do mesoapêndice, ligadura da artéria apendicular, dissecção da base do apêndice cecal, ligada com fio seda. Com boa evolução clínica, o paciente recebeu alta no quarto dia pós-operatório, sendo prescritos Ciprofloxacino e Metronidazol por mais dez dias, bem como retorno ambulatorial para acompanhamento.

Discussão

A apendicite representa uma condição de alta prevalência, cujos sinais e sintomas inespecíficos exigem, frequentemente, bom exame clínico e complementação radiológica. A posição ectópica do apêndice cecal pode simular diagnósticos diferenciais e apresentar variadas apresentações clínicas, dificultando o diagnóstico. Nestes casos, o uso da Ultrassonografia e da TC podem contribuir pelos altos níveis de sensibilidade e especificidade.
A posição subhepática é rara e frequentemente associada a desordens embrionárias intestinais, como má rotação intestinal. Sua apresentação atípica contribui para o atraso terapêutico e complicações, como perfuração, sepse e abscessos. Além disso, essa localização anatômica pode apresentar mais aderências e processo inflamatório resultante, proporcionando uma cirurgia de maiores complexidade e morbimortalidade.

Palavras Chave

Apendicite, Abdome agudo, Apêndice

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital Regional de Sobradinho - HRS - Distrito Federal - Brasil

Autores

Giovanna Breda Rezende, Victor Hudson de Lacerda Borges, Leonardo Palermo de Souza Barbosa, Júlia Maria Ribeiro Abreu, Viviane Bueno De Carvalho