Dados do Trabalho


Título

FERIMENTO POR ARMA DE FOGO COM TORACOTOMIA DE EMERGÊNCIA - RELATO DE CASO

Introdução

O trauma é a terceira causa de mortalidade no Brasil, sendo um quarto dos óbitos associado à presença de lesão torácica (MELO, et al., 2017). Apesar da alta mortalidade, mais de 80% das lesões torácicas são tratadas com procedimentos não cirúrgicos como drenagem pleural, analgesia e suporte ventilatório, enquanto cerca de 20% restantes necessitarão de uma toracotomia de emergência (POTLABATHIN et al., 2016). Em casos de trauma torácico penetrante por arma de fogo, é de suma relevância uma abordagem rápida e eficiente. Logo, o objetivo deste relato é avaliar a necessidade da realização de toracotomia exploradora de urgência.

Relato de Caso

L.T.A., sexo masculino, 26 anos, admitido no pronto-socorro devido a ferimento por arma de fogo no tórax direito. Apresentava-se com sangramento ativo, palidez cutânea, sudorese fria, frequência cardíaca de 120bpm e pressão arterial (PA) de 90x50 mmHg. Referia dispnéia intensa e dor local. Realizada drenagem intercostal com saída de 1400 mL liquido sanguinolento e expansão volêmica com 1 L de cristaloide e 600 mL de sangue não tipado O-. Paciente manteve instabilidade e drenagem 400ml na primeira hora, totalizando 1800ml. Indicada toracotomia exploradora de emergência sob o 4º espaço intercostal direito, evidenciando-se uma lesão transfixante em lobo médio e uma lesão em lobo inferior além de fratura de costela com debris ósseos, sem lesões de grandes vasos. Realizada rafia pontos em X parênquima pulmonar e mantido dreno tórax. Em pós operatório paciente se manteve estável hemodinamicamente, sem necessidade de novas transfusões sanguíneas e sem derrame pleurais residuais, recebendo alta hospitalar no quinto dia pós-operatório.

Discussão

Cerca de 80 a 90% dos pacientes com traumatismo torácico são tratados com a drenagem torácica de forma efetiva (CORTES-TELLES et al., 2016). Diante de uma toracotomia exploradora de emergência, demonstra-se a necessidade de avaliar os critérios e indicações para a cirurgia no trauma penetrante, sendo que estudos sugerem: mais de 1500 mL de sangue evacuado no tubo, sangramento persistente no peito superior a 200 mL/h por 2 a 4 horas, perda de sangue endobrônquica, lesão traqueobrônquica e lesão no coração ou grandes vasos (BERTOGLIO et al., 2019). Neste relato, o paciente apresentou o critério de perda sanguínea superior a 200mL/h, sendo imediatamente conduzido para a sala cirúrgica de forma a tratar a causa do choque hipovolêmico. Mesmo sendo majoritariamente tratados com drenagem intercostal, é necessário avaliar a repercussão dos pacientes com ferimento por arma de fogo. Sendo assim, os cuidados devem ser redobrados na avaliação inicial de pacientes vítimas de trauma torácico do tipo penetrante para que se tenha uma conduta adequada.

Palavras Chave

trauma torácico, cirurgia, toracotomia

Área

TÓRAX

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil

Autores

Marcella Gonçalves de Laia, Ana Letícia Freitas-Silva, Ana Carolina Cunha Leal, Gabrielly Alves Trigo, Júlia Carmo Vilela, Henrique Amorim Santos, Amanda Karolyne Batista Ferreira, Isabella Amorim Santos