Dados do Trabalho
Título
COLECISTECTOMIA NO NORDESTE DO BRASIL: AVALIAÇAO DO PERFIL DE MORTALIDADE ATRELADO AS TECNICAS CIRURGICAS EM DOENÇAS AGUDAS E ONCOLOGICAS
Objetivo
A colecistectomia é um procedimento amplamente realizado. Ao longo das últimas décadas, sua técnica se aprimorou com o advento da cirurgia minimamente invasiva. Os benefícios do acesso por videolaparoscopia (VLP) são incontestáveis, entretanto é necessário avaliar e compreender os impactos que essa via pode ter no prognóstico do paciente, assim como nos quadros oncológicos. Desta forma, o vigente estudo visa averiguar os perfis de mortalidade atrelados à diferentes técnicas cirúrgicas de colecistectomia.
Método
Realizou-se um estudo ecológico, com dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), utilizando-se os códigos 0407030026, 0407030034 e 0416040233 do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP). A partir do número absoluto de internações e óbitos por OAA, obteve-se a proporção de internamentos e mortalidade por procedimento. A análise estatística foi realizada por meio do OpenEpi 3.01 (MIT/USA), considerando p<0,01 significativo.
Resultados
Até o ano de 2012, as colecistectomias oncológicas não eram tabeladas pelo Sistema Único de Saúde, resultando num crescimento anual de cerca 20%/ano (p=0,02) desde sua implantação na rede SUS. De 2010 a 2019, as colecistectomias totalizaram 397.070 procedimentos realizados, acarretando cerca de 400 milhões de reais em custos totais, tanto por técnica aberta quanto por VLP. No tocante a mortalidade, a colecistectomia por VLP computou valor protetivo [p<0,01; OR=0,34 (0,27 - 0,43)] em relação aos procedimentos aberto e oncológico (tanto aberto quanto via VLP). No que diz respeito ao número de óbitos, nota-se que risco aumentado nos procedimentos oncológicos em relação à suas contrapartes benignas [p<0,01; OR=27,38 (17.36 - 43,18)] . Ademais, quando contrastadas as cirurgias por VLP e abertas no tocante aos quadros benignos, fora observado fator protetivo para o procedimento via video [p<0,01; OR=0,35 (0,28 - 0,43)], corroborando com a literatura.
Conclusões
Embora a literatura sugira correlação protetiva entre as colecistectomias por VLP e a taxa de mortalidade, ainda é esperado encontrar maior risco associada a doença maligna, independente, inclusive, de abordagem aberta ou por VLP. Em adicional, na doença benigna, é preciso averiguar se os achados intraoperatórios, como uma coledocolitíase ou síndrome de Mirizzi, possa ter resultado em conversões para a técnica aberta, interferindo, assim, nos nossos achados, ou apenas reflete um maior risco inerente a técnica. Por fim, é necessário questionar a aplicação dos códigos do SUS por parte do serviço cirúrgico, uma vez que, desde 2012, as colecistectomias malignas passaram a ser computadas em novo código, o que possa ser, também, um fator de viés analítico.
Palavras Chave
Colecistectomia, Videolaparoscopia, Oncologia, Epidemiologia
Área
VIAS BILIARES
Instituições
Universidade do Estado da Bahia - Bahia - Brasil
Autores
Benjamim Messias Souza Filho, João Henrique Fonseca Nascimento, Adriano Tito Souza Vieira, Selton Cavalcante Tomaz, Monique Magnavita Borba da Fonseca Cerqueita, Bernardo Fernandes Canedo, André Gusmão Cunhas, André Bouzas de Andrade