Dados do Trabalho
Título
ABDOME AGUDO PERFURATIVO EM PACIENTE COM TUBERCULOSE INTESTINAL
Introdução
A tuberculose intestinal (TBI) apresentou aumento na incidência global, recentemente, graças à pandemia da AIDS/HIV e o aumento do uso de imunossupressores. O tratamento (TTO) da tuberculose (TB) abdominal é semelhante ao pulmonar: medicação oral por 6 meses ou mais. Casos de perfuração, estenose e obstrução intestinal são passíveis de TTO cirúrgico. Este estudo descreve o caso de paciente com perfuração intestinal por TB.
Relato de Caso
N.S., 34a, masculino, HIV+ em TTO retroviral, portador de TB abdominal, diagnóstico por anatomopatológico prévio, em TTO farmacológico regular, admitido com dor abdominal intensa em fossa ilíaca direita, associada a vômitos há 1 dia, distensão, ruídos hidroaéreos aumentados e hipertimpanismo. A tomografia computadorizada (TC) revelou pneumoperitôneo, líquido livre abdominal, espessamento parietal em sigmóide e distensão de delgado, com densificação dos planos adiposos adjacentes, de aspecto infectoinflamatório, linfonodomegalias periaórticas, ilíacas comuns, internas e externas bilaterais, com até 21 mm. Submetido a laparotomia exploradora (LE) onde visualizou-se perfuração em íleo terminal à 20 cm da válvula ileocecal. Optou-se por enterorrafia e drenagem abdominal, evoluindo sem complicações. Conforme orientação do CCIH, foi mantido esquema antirretroviral, associado a rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, além de piridoxina.
Discussão
A TB abdominal mimetiza causas infecciosas, inflamatórias e neoplásicas, motivo do impasse no diagnóstico, realizado somente na cirurgia. Estudos radiológicos com bário e TC podem apontar fístulas. A vantagem da TC está nos sinais extraluminais de envolvimento do peritônio, omento e linfonodos. A TBI possui mortalidade de 30% quando há perfuração intestinal. Perfurações múltiplas, duração longa dos sintomas, comorbidades prévias, uso de esteroides e retardo da cirurgia, elevam a mortalidade. Dor abdominal é o sintoma mais comum da TBI. Porém, distensão abdominal, constipação, enterorragia, diarreia, náuseas, vômitos, presença de plastrão, sinais de peritonite, melena, febre e emagrecimento podem surgir. As perfurações são infrequentes. Mesmo infecções, doenças autoimunes e neoplasias malignas sendo mais comuns, em imunocomprometidos deve-se considerar a presença de TB. O M. tuberculosis alcança o abdome por deglutição, disseminação peritoneal, hematogênica ou linfática e confirma-se por escarro, líquido pleural ou peritoneal, em meio Lowenstein-Jensen que, associado à PCR, são “padrão-ouro”. Em ordem decrescente são afetadas: região ileocecal, cólon e jejuno. Raramente acomete apêndice cecal. Deve considerar a cirurgia de urgência para as hemorragias e perfurações, com análise detida do número e topografia da(s) perfuração(ões). No caso, após LE, com perfuração única de íleo terminal, optou-se por enterorrafia com drenagem da cavidade abdominal, associada à manutenção do TTO farmacológico.
Palavras Chave
tuberculose intestinal, perfuração intestinal.
Área
ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO
Instituições
UNISA - São Paulo - Brasil
Autores
Aline Almeida Branco Nascimento, Juliana Marques Araújo, Renata Iglesia Molina, Thais Borges Rodrigues, Orlando Contrucci Filho, Paulo Cesar Rozental-Fernandes, Bernardo Mazzini Ketzer, Elias Jirjoss Ilias