Dados do Trabalho


Título

ANALISE EPIDEMIOLOGICA CRITICA DE MOTOCICLISTAS TRAUMATIZADOS EM COLISAO COM PEDESTRES E ANIMAIS

Objetivo

No Brasil, é indiscutível que acidente de trânsito é uma grave preocupação em saúde pública. Para além, nas estratégias sociais de mobilidade urbana, a motocicleta ganha destaque, devido ao menor custo para aquisição e manutenção, como também maior agilidade e velocidade em curtos espaços de tempo. Assim, o presente estudo tem como objetivo analisar o perfil demográfico de mortalidade entre motociclistas nas colisões com pedestre ou animal (MTPA) no Brasil, nos anos de 2008 e 2018

Método

Trata-se de estudo ecológico, com dados secundários do Sistema de Informações em Mortalidade do SUS (SIM/SUS), utilizando-se o código V-20 do CID10. A partir deste, obteve-se as variáveis de sexo, idade, estado civil, escolaridade, cor, local de ocorrência e região do Brasil. A análise estatística foi realizada por meio do VassarStat (Vassar College/USA) e OpenEpi 3.01 (MIT/USA), considerando p<0,01 significativo

Resultados

No período analisado, houve 3.011 óbitos em MTPA no Brasil, dos quais 2.760 (91,6%) ocorreram entre homens, em uma razão de 11 homens para 1 mulher, sendo essa proporção significativa (p<0,01). Sobre grupos etários e estado civil, 58,9% dos óbitos ocorreram nas idades entre 20-39 anos e 56,4% eram solteiros, evidenciando que o binômio “jovem” e “solteiro” se associou a maior risco [OR=4,3 (3,6-5,1); p<0,01]. Ademais, 1.872 (62,2 %) das vítimas eram pardas e 1.486 (49,3%) possuíam até 7 anos de escolaridade [OR=1,78 (1,5-2,1); p<0,01]. Em paralelo, houve significativa correlação de maior risco entre ser homem com pouca escolaridade [OR=1,6 (1,2-2); p<0,01], assim como homens pardos [OR=1,4 (1,0-1,85); p<0,01]. Sobre regiões do país, o Nordeste apresentou maior média anual de óbitos (161,6±33,42), porém o maior crescimento médio das taxas de mortalidade por ano foi associado a região a Sul (+14,2%±0,4 ao ano). Quando observado o local de ocorrência, 53,8% dos óbitos ocorreram em via pública e 38,6 % em hospitais, a uma proporção de 1,4:1 – denotando que na maioria dos acidentes, o óbito aconteceu ainda no local do mesmo. Ainda nessa análise, o Nordeste apresentou maior associação de risco para óbitos em via pública [OR=1,25 (1-1,4); p<0,01]

Conclusões

A compreensão do perfil de mortes associadas a MTPA e seus desdobramentos é fulcral para se elaborar estratégias de atenuação nos índices de trauma. O inquérito traçou o perfil das vítimas de maior risco: homens, jovens, solteiros, pardos e com baixa escolaridade. Outrossim, o Nordeste mostrou maior número de ocorrências com desfechos mais severos, inferindo-se que vítimas chegaram a óbito antes mesmo de atendimento especializado. Suplementar a isso, sugere-se que essa causalidade possa ser multifatorial, com o crescimento da frota de motocicletas, do número absoluto de aplicativos de delivery e das altas demandas de entrega, especialmente frente a pandemia, associando-se também a precarização do trabalho, a ausência de fiscalização, e menor grau de instrução dos motociclistas

Palavras Chave

Trauma; Motociclista; Óbitos; Perfil; Região

Área

TRAUMA

Instituições

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - Bahia - Brasil

Autores

JOÃO HENRIQUE FONSECA DO NASCIMENTO, Andrea Karen Araújo Mascarenhas Oliveira Bastos, Benjamim Messias de Souza Filho, Adriano Tito Souza Vieira, Bernardo Fernandes Canedo, André Bouzas de Andrade, Monique Magnavita Borba da Fonseca Cerqueira, André Gusmão Cunha