Dados do Trabalho


Título

PANDEMIA E CESARIAS: IMPACTO DO COVID-19 NO NUMERO DE CESARIAS ELETIVAS E DE URGENCIAS NO BRASIL, UM ESTUDO COMPARATIVO

Objetivo

Durante a pandemia de SARS-CoV-2, o número de cirurgias eletivas diminuiu. No entanto, em revisões internacionais, por razões clínicas, cesáreas parecem ser o desfecho mais comum em gestantes infectadas, levantando uma hipótese sobre a influência da pandemia nas taxas de partos cirúrgicos (DIAZ, 2020; Walker, 2020). Assim, este estudo buscou analisar se houve alteração significativa na taxa de cesáreas realizadas nas regiões brasileiras durante os meses do ano de 2020.

Método

O estudo empregou delineamento transversal analítico nas quantidades de parto cesariano total, de alto risco e com laqueadura tubária, comparando suas proporções nos procedimentos eletivos e de urgência. Os dados foram coletados na plataforma DataSUS no período de janeiro de 2012 a junho de 2020 e analisados com o software IBM SPSS com teste t(Student) para variáveis quantitativas.

Resultados

Considerando a curva normal de cesáreas, a região Norte demonstrou limite de 7.717 e 8.074 cesáreas (p ≤ 0,05). Abril, maio e junho obtiveram 7457, 5996 e 2646 respectivamente. No Nordeste, 20.884 e 21.697 (p ≤ 0,05), os meses de fevereiro, abril, maio e junho atingiram valores abaixo da curva normal, com junho atingindo 11076 cesáreas. O Sudeste obteve resultado inferior ao esperado, 23.722 (p ≤ 0,05), somente em junho, 17.592, porém sua média no ano decresceu 7% em relação a 2019. No Sul, 9.101 e 9.458 (p ≤ 0,05), maio e junho apresentaram 8973 e 5496, respectivamente. Centro-Oeste exibiu limites superiores a curva normal, 5.727 (p ≤ 0,05), nos meses de janeiro a abril. Em junho alcançou 3379 cesáreas, sendo o limite inferior de 5.512 (p ≤ 0,05). Devido ao número inferior de cesáreas de 2020, procedimentos eletivos decaíram nos meses de maio e junho, com valores inferiores (p ≤ 0,05). No entanto, a investigação detalhada das proporções de janeiro a julho evidenciaram um aumento de 0,93% na região Nordeste, 1,02% no Sul e 0,74% no Centro-Oeste e uma diminuição de 1,15% na região Norte e 1,39% no Sudeste. Como o número total de cesáreas corresponde ao número de cesárias eletivas somada à urgência, foram mantidas as proporções combinadas entre os procedimentos. Apesar disso, o número absoluto de procedimentos de urgência de janeiro a maio de 2020 apresentou resultados acima do limite superior regional (p ≤ 0,05). Em maio e junho as regiões apresentaram queda no número total de partos de urgência, correspondendo a 66% região Norte, 52% Nordeste, 31% Sudeste, 46% Sul e 45%, evidenciando uma queda absoluta de cesáreas em 2020.

Conclusões

Houve uma importante redução na quantidade de partos cesarianos realizados no período de maio a junho de 2020. A região Sudeste, demonstrou a menor queda entre as regiões brasileiras. Já o Norte e Nordeste, cujos sistemas de saúde foram fragilizados pela pandemia, apresentaram as quedas mais significativas do período. Acredita-se que a queda seja decorrente da subjetividade dos critérios para classificar um parto cesariano como urgência, levando em conta riscos de contaminação.

Palavras Chave

COVID-19; Parto cesária ; Cesáreas eletivas; Cesáreas de Urgência

Área

GINECOLOGIA

Instituições

UFCSPA - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Danna Gomes Mateus, Iausha Khristhie Lima Bites Montezuma, Jéssica Givoni Felício Papantony, Vitória Pereira Reis