Dados do Trabalho


Título

FEOCROMOCITOMA MALIGNO: UM RELATO DE CASO

Introdução

Feocromocitomas são tumores neuroendócrinos que surgem a partir das células cromafins da medula adrenal e cursam com hipersecreção de catecolaminas pelas células tumorais³. A doença possui amplo espectro de apresentações clínicas, mas é característica a tríade sintomática de cefaleias, palpitações e hipersudorese, acompanhada de hipertensão arterial, todos em crises paroxísticas, estimulados pela alta de neurotransmissores adrenérgicos no organismo¹,². A patologia é de ocorrência rara, estimando-se anualmente incidência global entre 0,2 a 0,9 casos por 100.000 habitantes, sendo 80 a 90% dos tumores benignos e havendo predisposição genética em mais de 30% dos acometidos¹. Não há evidências de diferenças significantes de ocorrência entre sexos e a doença é mais frequente na quarta e quinta décadas de vida. O diagnóstico é realizado por meio de testes bioquímicos e exames de imagem e o tratamento da maior parte dos casos é cirúrgico, sendo recomendado acompanhamento ao longo da vida para detecção de doenças metastáticas ou recorrentes.

Relato de Caso

Paciente feminino, 29 anos, referiu dor súbita em pontada, com intensidade 6/10 segundo a escala analógica da dor, localizada, na fossa ilíaca direita, sem irradiação, com piora aos médios esforços físicos e melhora espontânea. Referiu ainda cefaleia, palpitações e hipersudorese profusa, acompanhada de hipertensão arterial. Ao exame físico, apresentou taquicardia sinusal (176 bpm), abdome flácido, doloroso, com a presença de defesa voluntária à palpação profunda em fossa ilíaca direita. Realizou-se TC, na qual visualiza-se volumosa massa tumoral retroperitoneal, sem invasão aparente de vasos ou órgãos; rins e cólon direito rechaçados, hiperdensidade ao nível do duodeno, veia cava inferior livre e suprarrenais sem lesões aparentes. Nesse contexto, as suspeitas diagnósticas foram Lipossarcoma e Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST). Exames laboratoriais e histopatológico confirmaram a hipótese de Feocromocitoma Maligno. A conduta terapêutica foi adrenalectomia total laparoscópica. Paciente evoluiu hemodinamicamente estável no pós operatório.

Discussão

O Feocromocitoma Maligno está associado ao aumento da morbimortalidade cardiovascular devido à hipersecreção de catecolaminas pelas células tumorais, assim, o diagnóstico precoce mostra-se crucial. Contudo, tal diagnóstico é dificultado na prática médica devido ao quadro sintomático inespecífico da patologia e à sua ocorrência rara, não tendo, muitos profissionais, acompanhado nenhum caso durante sua trajetória médica. Torna-se primordial o acompanhamento do paciente por equipe médica capacitada a fim de que haja investigação adequada que leve ao tratamento precocemente, já que a intervenção cirúrgica a tempo está diretamente relacionada ao bom prognóstico. O relato apresentou um caso de ocorrência rara, suspeitado a partir de queixa incomum de dor abdominal mas com quadro clínico característico, com diagnóstico e tratamento atempados.

Palavras Chave

Feocromocitoma; Medula Suprarrenal; Neoplasias.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz - Bahia - Brasil

Autores

Renata Emanuele Antunes Almeida, Helder Moreira Borges Filho, Isabella Fernandes, Marcela Sousa Araujo, Thales Maia Teixeira, Lucas Augusto Rodrigues de Oliveira, Micael Cruz Santana