Dados do Trabalho


Título

EMERGÊNCIA DA ARTÉRIA HEPÁTICA COMUM A PARTIR DA AORTA ABDOMINAL DESCENDENTE: UMA RARA VARIAÇÃO ANATÔMICA

Introdução

A anatomia do tronco celíaco e vascularização hepática pode ser complexa, um pouco mais se tratando da presença de variações. A literatura descreve mais de dez possibilidades de emergência do tronco celíaco e, um estudo feito por Song et al. com mais de 5.000 arteriografias, revelou a anatomia usual do tronco celíaco apenas em 89,1% dos casos, tendo como variação anatômica mais vista a presença de um tronco hepatoesplênico originado das artérias aorta e artéria mesentérica superior (4,42%). As variações específicas da artéria hepática comum mais frequentes foram a origem a partir da artéria mesentérica superior (3%), da artéria gástrica esquerda (0,16%) e separadamente da aorta abdominal descendente (0,40%). Sureka et al também descrevem as variações do tronco celíaco e da artéria hepática comum e demonstram que a emergência da artéria hepática comum diretamente da aorta abdominal descendente pode ser extremamente rara e ocorrer em apenas 0,33% dos indivíduos saudáveis.

Relato de Caso

Homem, 57 anos, hipertenso, encaminhado ao serviço de cirurgia com diagnóstico prévio de adenocarcinoma estenosante em cólon descendente. Durante o estadiamento da lesão primária, foi feita uma tomografia computadorizada de abdome com contraste endovenoso, que evidenciou múltiplas metástases hepáticas em segmentos VI e VII. Em reunião multidisciplinar, foi indicada a ressecção simultânea do cólon e das lesões secundárias e a avaliação anatômica pré-operatória para planejamento cirúrgico constatou uma variação anatômica incomum do tronco celíaco, em que a artéria hepática comum se originava diretamente da aorta abdominal descendente, 7 mm acima da emergência do tronco celíaco bifurcado e com distribuição padrão.

Discussão

Trabalhos envolvidos em mapear as variações anatômicas do tronco celíaco geralmente descrevem uma emergência da artéria hepática comum levemente caudal ou ao mesmo nível que o tronco. Entretanto, no paciente em questão, a emergência ocorreu na face lateral direita da aorta, levemente cranial e com distribuição padrão no trajeto pré-portal peripancreático. O conhecimento de tais variações é importante no contexto de cirurgias hepatobiliopancreáticas, onde permitem um controle adequado do inflow hepático, prevenção contra eventuais iatrogenias e diminuição do número de dissecções extensas e desnecessárias que aumentem o risco de lesões vasculares ou associadas a estruturas adjacentes. No presente estudo, a identificação da variação permitiu um melhor intervenção cirúrgica para retirada das metástases, mas em situações especiais pode também ser fundamental para captações de fígado e pâncreas em transplantes, bem como para reconstruções arteriais durante implantes hepáticos.

Palavras Chave

Cirurgia Geral. Procedimentos Cirúrgicos do Sistema Digestório. Figado. Variação Anatômica. Artéria Hepática. Aorta Abdominal.

Área

FÍGADO

Instituições

Universidade Federal da Fronteira Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

David Matheus Viana Moraes, Felipe Abadtti Spadini, Luis Felipe Chaga Maronezi, Jorge Roberto Marcante Carlotto