Dados do Trabalho


Título

Neoplasias penianas e penectomias em oncologia: análise crítica do panorama epidemiológico brasileiro na última década (2010 – 2019)

Objetivo

Neoplasias penianas são importantes doenças na América Latina e Brasil, sendo este um dos países com maiores incidências dessas doenças. A literatura demonstra que muitos desses pacientes serão submetidos a penectomias para tratamento. Estas, por sua vez, são consideravelmente impactantes para o homem, tendo em vista a importância socio-cultural e fisiológica do pênis para ser o homem. Destarte, o objetivo deste trabalho é executar inquérito crítico-epidemiológico acerca dos internamentos por neoplasias penianas e penectomias em oncologia realizadas pelo SUS na última década.

Método

Estudo epidemiológico, de caráter ecológico, com dados do Brasil elencados no DATASUS (SIH/SUS), de 2010 a 2019. Foi utilizado o VassarStats - Statistical Analysis (Vassar College, USA) e Open Epi (MIT/USA) para análise estatística, considerando p < 0,01 significativo.

Resultados

Registrou-se total de 54.032 internamentos por neoplasias penianas no país durante o período estudado. Destes, 43,89% foram de brancos, contra 36,57% de pacientes negros, numa proporção de 1,18:1 (p > 0,01). A média de idade foi de 45,37 (± 0,7) anos quando do internamento. Não houve tendência de crescimento dos casos na última década (2,65% / ano, p > 0,01), tampouco da taxa de mortalidade, com variação anual de 0,49% (p > 0,01). Brancos morreram menos que negros (pretos e pardos), com 5,1% versus 6,13%, respectivamente (p < 0,01, OR = 0,82 IC 99% [0,73 – 0,91]). Dos casos de neoplasia peniana no período, 10,6% (5737) cursaram com amputações do pênis. Sobre custos de internação no período, gastou-se R$ 58.774.033,09 por neoplasias penianas, mais R$ 5.947.715,51 por amputações, representando um acréscimo de 10,12% (p < 0,01) aos custos.

Conclusões

Este trabalho evidencia número relevante de casos de neoplasia peniana no Brasil na última década. Observou-se que não houve diferença de acometimento entre brancos e negros, mas brancos, tiveram menor mortalidade que suas contrapartes. Nesse sentido, tais achados possivelmente traduzem maior acesso da população branca ao sistema de saúde, o que se traduziu em menor mortalidade. Ainda, a média de idade de acometimento é fator de preocupação, visto que o homem nesta faixa etária ainda é economicamente ativo, de modo que neoplasia peniana e penectomia são fatores de importante queda na saúde física, autoestima e produtividade. Outrossim, frisa-se ainda a possibilidade de subnotificação das penectomias em oncologia, haja vista o fato de o percentual encontrado neste trabalho ser consideravelmente menor que o visto em diversos trabalhos na literatura. Os custos com neoplasias e penectomias foram elevados, podendo em parte ter sido evitados por educação em saúde e melhor acesso ao sistema de saúde. Por fim, ressalta-se que a literatura brasileira sobre o tema ainda é parva, denotando necessidade de mais trabalhos sobre tal condição.

Palavras Chave

Neoplasia, Penectomia, Oncologia, Urologia

Área

UROLOGIA

Instituições

Universidade do Estado da Bahia - Bahia - Brasil

Autores

Benjamim Messias de Souza Filho, João Henrique Fonseca do Nascimento, Adriano Tito Souza Vieira, Andrea Karen Araújo Mascarenhas Oliveira Bastos, Monique Magnavita Borba da Fonseca Cerqueira, Bernardo Fernandes Canedo, André Gusmão Cunha, André Bouzas De Andrade