Dados do Trabalho


Título

SINDROME DE HAMMAN – PNEUMOMEDIASTINO ESPONTANEO

Introdução

O pneumomediastino, ou enfisema mediastinal, é a condição fisiopatológica caracterizada pela presença de gás extraluminal no mediastino, ocasionando sintomas como dor torácica, dispnéia, vômito e enfisema subcutâneo na região cervical anterior ou tórax. Em termos fisiopatológicos, o enfisema mediastinal, geralmente, ocorre em consequência a causas primárias, a exemplo: trauma torácico ou abdominal, doença pulmonar intersticial, malignidade, fístulas esofágicas/traqueais ou causas iatrogênicas. Contudo, o pneumomediastino pode ainda apresentar-se sem causa primária, sendo assim conhecido como Síndrome de Hamman, ou Pneumomediastino Espontâneo.

Relato de caso

Paciente sexo feminino, 22 anos, deu entrada via Pronto Socorro do Hospital São Paulo com quadro de dor torácica há 1 dia. Relatava episódios de vômito, seguidos por precordialgia progressiva, discreta dispneia, disfonia e odinofagia. Sem história prévia de trauma, cirurgias ou doenças crônicas. Encontrado em exame físico enfisema subcutâneo do tórax anterior até o pescoço e face e presença do sinal propedêutico de Hamman à ausculta cardíaca. Sem fístulas do trato aerodigestivo. Solicitada tomografia computadorizada (TC), revelou-se pneumomediastino volumoso. Assim, optou-se por tratamento conservador, com conduta expectante, repouso e analgesia. Radiografias torácicas de seguimento mostraram reabsorção gradativa do pneumomediastino. Paciente evoluiu positivamente, com melhora sintomática gradual, recebendo alta hospitalar após 5 dias com resolução do quadro.

Discussão

A patogênese da Síndrome de Hamman está relacionada ao aumento abrupto na pressão intra-alveolar, resultando em rupturas de estruturas terminais do trato aéreo e dissecção do tecido intersticial peribroncovascular, alcançando o mediastino. A incidência em população adulta varia de 0,1% a 0,001% e seus os fatores de risco incluem: asma, exercícios físicos e trabalho de parto.
O diagnóstico, deve ser guiado pela clínica do paciente e confirmado por TC, que é o padrão-ouro para diagnóstico de pneumomediastino. O tratamento é usualmente conservador, com conduta expectante, repouso, hidratação, e evitando manobras que resultem em aumento na pressão intratorácica.
Em suma, enquanto se faz necessário compreender o pneumomediastino como uma afecção importante, deve-se ressaltar também sua heterogeneidade, podendo se apresentar enquanto manifestação de uma causa-base, ou como pneumomediastino espontâneo. Tais variações de apresentação clínica, são ainda mais críticas quando avaliamos a taxa de mortalidade, visto que esse índice pode variar de situações essencialmente benignas, até quadros com mortalidade de 50-70%, como em casos de pneumomediastino secundário a ruptura esofágica.
Desse modo, uma vez realizada investigação das possíveis causas primárias relacionadas ao pneumomediastino, a Síndrome de Hamman deve ser um dos possíveis diagnósticos diferenciais a serem considerados, reduzindo os procedimentos invasivos desnecessários.

Palavras Chave

Síndrome de Hamman; pneumomediastino esponâneo; dor torácica

Área

TÓRAX

Instituições

Escola Paulista de Cirurgia - Unifesp - São Paulo - Brasil

Autores

Gustavo dos Reis Martins, Amanda Naomi Sato, Euller Cristian Pinto, Ernesto Evangelista Neto, Maija Fabiana Ramos Pereira, Eduardo Iwanaga Leão