Dados do Trabalho


Título

Perfuração de carcinoma espinocelular de esôfago distal em acidente automobilístico

Introdução

As perfurações traumáticas não-iatrogênicas do esôfago são lesões raras e associadas a alta morbimortalidade, chegando a 40% nas primeiras 24h se não diagnosticadas inicialmente. Essas lesões ocorrem por uma disruptura transmural que levam ao extravasamento de conteúdo intraluminal no mediastino. Em 70-80% dos casos, as lesões são oriundas de mecanismos primários como tiros, seguidas em 15-20% por facadas e apenas 1% dos casos são oriundos de traumas contusos. De forma ainda mais rara, esse rompimento pode surgir em áreas previamente fragilizadas do órgão, como por exemplo, por uma neoplasia maligna.Esse relato trata-se de um paciente com CEC de transição esôfago gástrica, localmente avançado para estômago e diafragma, rompido em região de pequena curvatura após um trauma (acidente automobilístico versus anteparo).

Relato de Caso

Paciente, G.A, 67 anos, sexo masculino, em seguimento oncológico por CEC de transição esofagogástrica diagnosticado em dezembro de 2018. Realizou tratamento com quimioradioterapia em 2019, mas apresentou recivida local após 9 meses do tratamento. Em 2020 sofreu acidente automobilístico carro versus anteparo fixo, associado a trauma abdominal fechado, deu entrada no pronto atendimento em choque hipovolêmico. Submetido a tomografia abdominal com contraste endovenoso após estabilização hemodinâmica, que demonstrou moderada quantidade de líquido livre na cavidade e pneumoperitônio. Realizou laparotomia exploradora, em achado intra-operatório havia extensa perfuração gástrica por toda pequena curvatura, além de tumoração de esôfago distal com evidente progressão para o estômago e diafragma. Assim, realizado gastrectomia total associada à ráfia do esôfago distal, confecção de jejunostomia a Witzel e esofagostomia em alça. No pós-operatório imediato foi encaminhado para UTI, istável hemodinamicamente. No 3º pós-operatório recebeu alta para enfermaria em ventilação espontânea com dieta enteral via jejunostomia. Alta hospitalar no 8º pós-operatório com dieta enteral e esofagostomia.

Discussão

A perfuração traumática não iatrogenica de CEC de transição esofagogástrica é uma circunstância rara, porém de alta mortalidade. A ressecção da neoplasia nessa situação, embora apresente elevados índices tanto de morbidade quanto de mortalidade e uma ampla tendência à recidiva pode conferir um controle da neoplasia em longo prazo e mesmo em pacientes paliativos pode ser realizado, proporcionando melhora da qualidade de vida e da sobrevida.

Palavras Chave

Trauma abdominal
CEC de esôfago
Tumor de transição esôfago gástrica
Perfuração de esôfago

Área

ESÔFAGO

Instituições

Instituto Prevent Senior - São Paulo - Brasil

Autores

Jave Oliveira Valdevino , Laís Sayuri Gianotti Tsugami , João Vitor Honorato Vollet, Sofia Santoro Di Sessa Machado, Caroline Simões Gonçalves , Gustavo Araruna , Marco Vinicio Fanucchi Gil, Marcelo Raymundo Maiorano