Dados do Trabalho
Título
PANCREATITE AGUDA DE ETIOLOGIA AUTO-IMUNE COMO DIAGNOSTICO DE SINDROME COLESTATICA: UM RELATO DE CASO
Introdução
A pancreatite autoimune (PAI) tipo 1 é uma doença sistêmica que está relacionada à IgG-4 e pode se manifestar com um distúrbio pancreático: a pancreatite linfoplasmocítica esclerosante. A PAI tem patogênese desconhecida e apresentação clínica inespecífica, sendo icterícia obstrutiva a manifestação clínica mais comum. Tem como principal diagnóstico diferencial o carcinoma de cabeça de pâncreas. Por este motivo, o conhecimento dessa patologia é de extrema importância em nosso meio
Relato de Caso
Paciente do sexo feminino, 64 anos, parda, com antecedente de diabetes tipo 2 e hipertensão arterial foi admitida em um hospital municipal de São Paulo-SP em Fevereiro de 2020 com queixa de dor epigástrica irradiada para dorso, náuseas, vômitos, acolia fecal, icterícia e colúria há 9 dias. Referia ainda perda ponderal de 10Kg nos últimos meses. Exames de entrada evidenciaram: bilirrubinas totais 4,42 (BD: 3,67), TGO 233, TGP 579, FA 474, GGT 350 e Lipase 539. Iniciadas medidas para pancreatite aguda e investigação etiológica de colestase, realizou ultrassonografia que evidenciou vesícula biliar distendida, ausência de imagens de cálculos ou dilatação de vias biliares, com achado de hipoecogenicidade na cabeça do pâncreas, de aspecto inespecífico. Solicitada colangiorressonância que evidenciou afilamento inespecífico apenas do segmento distal do colédoco, associando-se a leve ectasia das vias biliares extra-hepáticas e intra-hepáticas, bem como aumento das dimensões da cabeça do pâncreas e processo uncinado, com hiporrealce na fase arterial, sem lesões focais bem delimitadas. Não apresentava ectasia significativa do ducto pancreático principal. Posteriormente, foi realizada colangiopancreatografia retrógrada endoscópica que visualizou estenose segmentar do colédoco distal de 2 cm, com dilatação das vias biliares intra e extra-hepática, realizada papilotomia seguida de dilatação da estenose com sonda balão e passagem de prótese plástica. Finalmente, a ecoendoscopia visualizou lobularidade e heterogeneidade difusa do pâncreas, prótese plástica em via biliar principal, lama biliar em vesícula e inseriu SNE em segunda porção duodenal. Exames laboratoriais solicitados excluíram outras causas de pancreatite aguda, e confirmou diagnóstico de PAI: triglicerídeos: 160, IGG4: 1.004, IgG: 1946, AMA e AML não reagentes. Após diagnóstico de PAI, foi introduzido corticoide endovenoso e posteriormente por via oral, evoluindo com melhora clínica e laboratorial importante.
Discussão
PAI tipo I é uma patologia autoimune mais prevalente no sexo feminino (2:1) em pacientes de meia idade. Relatamos o caso de mulher idosa diagnosticada com PAI tipo I, com quadro inicial de icterícia obstrutiva secundária a estenose de via biliar, com pancreatite aguda associada. Embasados no critério diagnóstico da Sociedade Japonesa, fechamos diagnóstico de PAI e instituímos terapêutica direcionada. Conforme a literatura, o diagnostico e início de corticoterapia precoces, contribuem para resposta clínica sustentada
Palavras Chave
Pancreatite auto-imune, colestase, carcinoma de cabeça de pâncreas, corticotetapia
Área
PÂNCREAS
Instituições
Hospital municipal prof dr Alípio Corrêa neto - São Paulo - Brasil
Autores
Bruno Thales Pereira de Oliveira, Claudia de Fátima Gomes Vieira Oliveira, Marcos Vinícios Odorrisio Ferrari, Luciana Emerenciano Silveira, Edward Lizarazu Salazar, Cristina Lorena Rodrigues Reis, Jélis Arenas Pimentel, Marcos Vinícius Ferreira Muniz