Dados do Trabalho


Título

RECIDIVA DE ADENOCARCINOMA DE ENDOMETRIO EM FERIDA OPERATORIA DE PFANNESTIEL

Introdução

O carcinoma endometrial é a segunda malignidade ginecológica mais comum nos países em desenvolvimento.
As mulheres com câncer de endométrio devem ser submetidas à histerectomia, salpingo-ooforectomia bilateral e estadiamento cirúrgico de acordo com a FIGO, sendo atualmente a linfadenectomia controversa para estadios iniciais da doença.
As recidivas em tecidos moles e, principalmente, sobre a ferida operatória são sítios possíveis, porém de baixa incidência.

Relato de Caso

C.R.P.B., 58 anos, G6P5A0, obesa, diabética. Admitida no Hospital das Clinicas de Marília em 2016, com queixa de sangramento uterino anormal. Realizada Ultrassonografia Transvaginal demonstrando endométrio com 10mm de espessura e ausência de alterações anexiais. A seguir, paciente foi submetida a curetagem uterina com biópsia endometrial, cujo resultando em adenocarcinoma bem diferenciado do tipo endometrióide.
Após diagnóstico, tomografias sem evidência de doença metastático e optada pela histerectomia total Piver II em 02/17 com realização de exame de congelação intra-operatório (infiltração miometrial menor que 50%), portanto não realizada linfadenectomia pélvica. Anatomopatológico de peça cirúrgica: adenocarcinoma bem diferenciado endometrioide do tipo polipoide. Pós-operatório com estadiamento T1ANXM0 (FIGO IA). Optado pela não realização de tratamento adjuvante.
Paciente readmitida em 06/20, por tumoração palpável sobre a cicatriz cirúrgica prévia. Procedeu-se à realização de ultrassonografia de parede abdominal, com laudo de imagem nodular sólida em subcutâneo da região inguinal esquerda. Realizado re-estadiamento através de tomografias e ressecção ampliada de lesão de parede abdominal. Anatomopatológico da peça cirúrgica: adenocarcinoma metastático.
Após alta hospitalar paciente encaminhada aos serviços de Radioterapia e Oncologia Clínica para programação de terapia adjuvante e solicitada imuno-histoquímica da lesão.

Discussão

A maioria das recorrências ocorrem dentro de 2 anos e são raras as recidivas após 5 anos do tratamento cirúrgico, assim como no caso descrito. A incidência de metástase em tecidos moles é de 2-6%.
O surgimento de metástases sobre a ferida operatória não tem fisiopatologia bem definida. Esse tipo de recorrência, como apresentação isolada é extremamente raro, a maioria desses estão associadas a um tumor primário de baixo estadio clínico. Ele pode ser explicado pela presença de células tumorais intraperitoneais.
O prognóstico da recidiva tumoral isolada em parede abdominal é favorável, exceto se houver presença de outros sítios). Além disso, não foi possível identificar fatores de risco bem definidos para esse tipo de recidiva.
A conduta frente a esses casos ainda não é bem estabelecida. Entretanto, pela revisão da literatura, é recomendável a realização de cirurgia para exérese da massa com posterior radioterapia focada na parede abdominal, em concomitância ou não com quimioterapia sistêmica.

Palavras Chave

cancer endometrio, adenocarcinoma de endometrio, recidiva de parede abdominal

Área

GINECOLOGIA

Instituições

Faculdade de Medicina de Marília - São Paulo - Brasil

Autores

Rodrigo Fernandes Cacere, HELEN CAROLINE MAGALHAES COSTA, Luciano Coelho Duarte, Julia Lucila Moura, Andre Claudio Rocha, Inaia Lukachak Mata