Dados do Trabalho


Título

DIVERTICULITE AGUDA PERFURADA EM PACIENTE COM LMC EM USO DE IMATINIBE: RELATO DE CASO

Introdução

Diverticulose corresponde a uma condição fisiopatológica de extrema relevância epidemiológica no mundo ocidental, atingindo até 60% dos pacientes com mais de 80 anos. Embora a maioria das pessoas permaneça assintomática, parte dos pacientes desenvolverão diverticulites, sendo que um quarto desses evoluirá com complicações potencialmente ameaçadoras à vida como: perfuração, fístula, obstrução ou estenose.
Entre as possíveis causas relacionadas à ocorrência de diverticulite aguda perfurada, destaca-se a ocorrência de reação inflamatória necrotizante aguda, perfuração por corpos estranhos e a utilização de drogas com capacidade antiangiogênica. Nesse cenário, o Imatinibe se destaca como um fármaco da classe dos inibidores da enzima Tirosina Kinase (TKIs) sem atividade antiangiogênica.
O corrente estudo se propõe a discutir e descrever um caso de diverticulite aguda perfurada de sigmoide em um paciente com diagnóstico de Leucemia Mieloide Crônica (LMC) em uso regular de Imatinibe.

Relato de Caso

GDN, sexo masculino, 76 anos, deu entrava via Pronto Socorro queixando-se de dor abdominal difusa e intensa há 1 semana. Associado à dor, paciente referia interrupção da evacuação há 3 dias. Paciente relatava diagnóstico prévio de LMC, estando em uso regular de Imatinibe.
O exame físico do seguimento abdominal revelou abdome globoso, com musculatura enrijecida, ruídos hidroaéreos ausentes, com sinais de peritonismo e comportamento de defesa à palpação superficial do quadrante inferior esquerdo.
Diante desse cenário, foi solicitada rotina radiográfica para abdome agudo, a qual revelou presença de pneumoperitônio e distenção de alças de cólon. Feita a hipótese diagnóstica de abdome agudo perfurativo, por provável diverticulite Hinchey IV, optou-se por realizar laparotomia exploratória. Durante o procedimento, observou-se perfuração em cólon sigmoide, puntiforme, associada a sinais inflamatórios locais. Seguiu-se, pois, à exteriorização das alças colônicas, com ressecção da transição de sigmoide para reto com grampeador linear. Sepultado coto distal, confeccionou-se colostomia terminal com o coto proximal. Realizou-se lavagem abundante da cavidade abdominal, e o paciente foi então encaminhado à unidade de terapia intensiva. Paciente evoluiu satisfatoriamente e recebeu alta hospitalar no 7º dia de pós-operatório.

Discussão

Ao contrário de outros TKIs antiangiogênicos, o Imatinibe não apresenta ação sobre o receptor de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), o que contraria a hipótese de que esteja atuando pela mesma via fisiopatológica que os demais representantes dos TKIs no desenvolvimento de perfurações gastrointestinais.
Todavia, é notório na literatura médica relato de pacientes que apresentaram diverticulite aguda perfurada na vigência do uso de Imatinibe para tratamento de comorbidades. Nesse tocante, conclui-se que se fazem necessários novos estudos que visem a questionar se há relação causal entre as duas condições, por mecanismo análogo ou divergente aos demais TKIs.

Palavras Chave

Diverticulite aguda, Imatinibe, Dor abdominal

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Escola Paulista de Medicina - Unifesp - São Paulo - Brasil

Autores

Gustavo dos Reis Martins, Lucas Scaranello, Ricardo Artigiani, Martin Castiglia, Diego Adão Fanti Silva, Milton Scalabrini, David C Shigueoka, Ramiro Colleoni