IMPLANTAÇAO DO PROGRAMA DE RESIDENCIA EM MEDICINA DE FAMILIA E COMUNIDADE EM PICOS, PIAUI
O estado do Piauí, figura como um dos 05 Estados do país com menos de 01 médico por mil habitantes, configurando um cenário de desassistência que aliado à precariedade da infraestrutura dos serviços de saúde instalados, incipiência dos mecanismos e instrumentos de regulação do acesso e dos serviços de saúde, além de aspectos relacionados à precarização das relações entre trabalhadores e gestores no âmbito do SUS, impõe a urgente tarefa de buscar estratégias que assegurem o cumprimento do preceito constitucional da “Saúde como Direito de Todos e Dever do Estado”.
Por não haver residência médica no município, os profissionais ainda necessitam deslocar-se para outras regiões, fixando residência em outras cidades. Com isso, perde-se a oportunidade de ter profissionais qualificados prestando serviço à saúde dessa comunidade.
Assim, considerando-se o novo marco legal orientador da expansão do ensino médico no país, e dos Programas de Residência Médica, compatibilizando-os com as exigências e necessidades do cenário social e epidemiológico do Estado e do país e considerando-se, ainda, as características e elementos contextuais da realidade local, justifica-se a opção e a relevância de priorizar a implantação de Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade (PRMFC) no município de Picos, tendo em vista que, no município citado, há poucos profissionais médicos com formação qualificada para atender a demanda local.
Na tentativa de superar este problema social e sanitário no município de Picos e no estado do Piaui, intencionamos implantar o programa de residência em medicina de família e comunidade, oferecido pela Universidade Federal do Piaui, campus de Picos, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, para formar um médico especialista cuja característica básica é atuar prioritariamente em Atenção Primaria à Saúde, a partir de uma abordagem biopsicossocial do processo saúde-adoecimento, integrando ações de promoção, proteção, recuperação e de educação em saúde no nível individual e coletivo.
Portanto, a implantação da Residência em Medicina de Família e Comunidade representará ganhos advindos para o município e para a população, principalmente, por meio da melhoria dos indicadores de saúde e a consequente melhoria da qualidade de vida da população.
Alguns problemas locais foram identificados como possíveis desafios na implantação do proposto projeto. Um desses desafios é a inexistência de Comissão organizadora de Residência Médica (COREME) da UFPI de Picos. Outro desafio é a carência de políticas públicas institucionais voltadas para a implantação e desenvolvimento de programa de residência médica no município. Além disso, outra dificuldade é falta de capacitação dos profissionais médicos do município para a atividade de preceptoria.
Os desafios citados constituem obstáculos importantes mas não insuperáveis para a implantação do nosso projeto. São passos iniciais de grande relevância para a implantação de programas de residência e a nosso favor para superá-los, contamos com o apoio de importantes atores sociais, como a atual diretora do Hospital Regional de Picos, o reitor da UFPI e o secretário municipal de saúde.
Como estratégias de enfrentamento dos desafios encontrados para a implantação do nosso projeto, estamos propondo a criação da COREME da UFPI/Picos, bem como a instituição de legislação própria para regulamentação do programa de residência em medicina de família e comunidade juntamente com o município. Além disso, propomos uma agenda anual de cursos de capacitação em preceptoria para os médicos interessados em participar do programa de residência.
GPRS – Gestão de Programas de Residência em Saúde no SUS
UFPI - Piauí - Brasil
Antonio Ferreira Mendes-Sousa