ADEQUAÇAO VACINAL NOS PRIMEIROS 15 MESES DE VIDA NUMA COORTE DE CRIANÇAS EXPOSTAS PERINATALMENTE AO HIV
Vários estudos têm demonstrado baixa cobertura vacinal na população de crianças que convivem com HIV. O objetivo deste estudo foi avaliar a cobertura vacinal de crianças expostas perinatalmente ao HIV.
Avaliação da adequação vacinal nos primeiros 15 meses de vida foi feita numa coorte de 52 crianças expostas perinatalmente ao HIV, acompanhadas num serviço de referência em São Paulo. A população estudada foi dividida em dois grupos: Grupo TV, com 22 crianças cujas mães adquiriram o HIV por transmissão vertical e Grupo TH (30 crianças) cujas mães adquiriram o HIV por transmissão horizontal. As carteiras vacinais foram avaliadas e a vacinação foi considerada adequada quando todas as doses de vacinas recomendadas pelo Programa Nacional de Imunização foram recebidas de acordo com a idade e o intervalo entre as doses. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética institucional.
No grupo TV (22 crianças), todas nasceram de gestação a termo e no grupo TH (30 crianças) duas eram pré-termo. Todas 52 crianças receberam a vacina BCG (53,8% depois do 7º dia de vida). Todas as doses de vacinas Hepatite B, DTP, Hib, pólio foram aplicadas em 100% das crianças; oito crianças (36,4%) do grupo TV e cinco do grupo TH (16,7%) receberam pelo menos uma dessas vacinas com atraso. Pelo menos uma dose da vacina rotavírus foi perdida em duas crianças do grupo TV e uma criança do grupo TH. Embora todas tenham recebido vacina pneumococo conjugada e meningococo C conjugada, houve atraso na aplicação da série em seis crianças do grupo TV e três do grupo TH. Duas crianças do grupo TV e duas do grupo TH não receberam a vacina SCR. Oito crianças do grupo TV e cinco do grupo TH não receberam a vacina Hepatite A. Quatro crianças de cada grupo não receberam vacina influenza.
A vacinação pode prevenir desfechos adversos em crianças que convivem com o HIV. Apesar de terem recebido a quase totalidade das vacinas do primeiro ano de vida (3 crianças não receberam vacina rotavírus), houve atraso na aplicação de várias vacinas, incluindo a BCG. Após o primeiro ano de vida apareceram falhas na cobertura vacinal para vacina SCR (4/52 crianças =7,7%), hepatite A (13/52 = 25%) e influenza (8/52 = 15,3%). Mesmo sendo acompanhadas a longo prazo no mesmo serviço, as crianças do grupo TV apresentaram maior chance de falhas ou atrasos vacinais, embora essa diferença não tenha sido significante. Além do risco de adoecerem, essas crianças colocam em risco a saúde de seus familiares infectados pelo HIV.
Adequação vacinal, Atraso vacinal, HIV, Transmissão vertical
Imunizações
Escola Paulista de Medicina/UNIFESP - São Paulo - Brasil
Denise Lopes Santos, Suenia Vasconcelos Beltrão, Aída Fátima Barbosa Gouvêa, Fabiana Bononi Carmo, Daisy Maria Machado, Regina Célia Menezes Succi