A CAPACIDADE COGNITIVA INTERFERE NO RESULTADO DA CIRURGIA DE OBERLIN?
A incidência e a gravidade da lesão do plexo braquial têm aumentado em todo mundo. O comprometimento do tronco superior resulta em incapacidade significativa, com perda da função do ombro (abdução do ombro e rotação externa), flexão do cotovelo e supinação do antebraço. Para estes pacientes, a prioridade é restaurar a função do cotovelo, seguido da abdução e rotação externa do ombro.
Estudos recentes mostram resultados superiores em relação à flexão do cotovelo quando são utilizados fascículos do nervo ulnar como doador, técnica descrita por Oberlin (1994), que utiliza um fascículo predominantemente motor do nervo ulnar que é transferido para o ramo motor do bíceps. Trata-se de um procedimento que causa mínima morbidade ao sítio doador.
A lesão de plexo braquial leva à remodelação funcional central, sendo a atenção focada às áreas sensório-motoras do cérebro.
O objetivo desse estudo é determinar a relação entre o resultado funcional obtido com a cirurgia de Oberlin com o nível cognitivo do paciente e com o tempo decorrido entre o trauma e a cirurgia.
Foram analisados dezoito pacientes, sendo 17 homens (94,4%) e uma mulher (5,6%), com idade média de 29,5 anos (17 a 46 anos), com lesão traumática alta do plexo braquial (C5-C6 e C5-C7). Avaliamos a amplitude de movimento ativa, a força muscular de flexão do cotovelo e o questionário DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand), e determinamos a correlação entre o resultado obtido e o nível cognitivo do paciente, avaliado pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM).
Observamos correlações de significância estatística entre MEEM e recuperação de força (84,4%, p<0,001), classificada como ótima; MEEM e BMRC (78,4%, p> 0,001), classificada como boa.
A função cognitiva reflete um conjunto de processos e atividades usados na percepção, no pensar, e no ato de usar esses processos não só, por exemplo, na compreensão de uma frase, mas também no reconhecimento de objetos, percepção do toque e orientação espacial. Há razões para acreditar que a capacidade do cérebro para entender, utilizar e se adaptar a reorganização cortical após o reparo do nervo pode refletir a capacidade cognitiva do indivíduo
Existe uma correlação positiva entre a capacidade cognitiva e os resultados funcionais alcançados pelos pacientes submetidos a cirurgia de Oberlin. O tempo decorrido entre o trauma e o procedimento cirúrgico apresenta um relação inversamente proporcional.
Plexo Braquial; transferência de nervo; cognição
CLÍNICO
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil
FERNANDO ANTONIO SILVA DE AZEVEDO FILHO, THOMAZ GÊ DE OLIVEIRA, WILLIAM ZARZA SANTOS, YUSSEF ALI ABDOUNI, ANTONIO CARLOS DA COSTA, PATRÍCIA MARIA DE MORAES BARROS FUCS