INFECÇAO NA MAO POR STREPTOCOCCUS PYOGENES – “BACTERIA DEVORADORA DE CARNE”
A fasceíte necrotizante é uma infecção bacteriana muito grave, com evolução rápida, progressiva e com uma taxa de mortalidade que pode chegar a 50%.
Geralmente afeta as extremidades e os organismos isolados mais comuns são: Streptococcus e Enterobacateriaceae.
Descrever o tratamento agressivo de um caso de infecção muito grave do Membro Superior a Streptococcus Pyogenes.
Paciente, do sexo feminino, 59 anos, sem antecedentes pessoais conhecidos, que após manusear um arbusto, inicia um quadro clinico de edema e dor intensa na mão e antebraço direito. Em menos de 16h é observada no nosso hospital e é internada com caráter de urgência por suspeita de síndrome compartimental. Foi realizada cirurgia urgente com fasciotomia dos compartimentos do antebraço, mão e polegar. Inicia tratamento antibiótico empírico com clindamicina e ceftriaxone.
Evolui com quadro de infecção grave e falha de cobertura cutânea com necessidade de realização de vários “second look”, retalho parcial de pele e enxertia. Nas colheitas de culturas foi isolada Streptoccocus Pyogenes (Grupo A), ao 6º dia de internamento, tendo sido feita alteração antibiótica, com introdução de penicilina G.
No 5º dia após alta, a doente apresentou novamente sinais inflamatórios locais e deiscência de ferida operatória com necessidade de novo internamento e intervenção cirúrgica, tendo sido realizado desbridamento, limpeza e enxerto de pele total do antebraço para polegar.
Aos 5 meses de follow up, a doente encontrava-se assintomática, sem sinais inflamatórios, retalho com boa perfusão e com função tendinosa preservada. Apresentava contudo rigidez à extensão completa das metacárpicofalangicas e botoeira de D2 e D4.
No caso em análise, consideramos que a intervenção urgente, o desbridamento agressivo, o uso de antibioterapia dirigida após isolamento de Streptococcus Pyogenes e a realização de vários “second look” foram a base do sucesso do tratamento nesta infecção muito grave e rapidamente progressiva. O modo de atuação foi de acordo com o descrito na literatura como “gold standard” nas infecções graves a Streptococcus do grupo A.
Apesar da necessidade de várias intervenções cirúrgicas a funcionalidade do membro foi no geral preservada, explicando assim o excelente resultado clínico.
A suspeição clinica, o diagnóstico precoce e a cirurgia emergente são fundamentais para diminuir as altas taxas de mortalidade observadas em pacientes com fasceíte necrotizante por infecções estreptocócicas de grupo A.
Infecção grave, streptococcus grupo A, fasceíte, tratamento agressivo
CLÍNICO
Hospital das Clinicas - São Paulo - Brasil, Hospital de Santa Maria - - Portugal
Vânia Capelão, Marcelo Traballi, Ana Lucia Lima, Bruno Biase, Marcelo Rosa de Rezende