TRATAMENTO NAO CIRURGICO DA SINDROME DO TUNEL DO CARPO: IMOBILIZAÇAO NOTURNA VERSUS INFILTRAÇAO LOCAL - ENSAIO CLINICO RANDOMIZADO
Existem diversas opções de tratamento para a síndrome do túnel do carpo (STC), que podem ser divididas em cirúrgicas e não cirúrgicas. Das opções não cirurgicas, estão presentes no cotidiano do cirurgião de mão a utilização de órtese noturna e infiltração local com corticoesteróides. Não existe estudo na literatura que demostre superioridade destas opções de tratamento: infiltração versus órtese.
O objetivo deste estudo é comparar, por meio de estudo clínico comparativo com alocação controlada por randomização, duas intervenções não cirúrgicas para a STC: ortese de punho (uso noturno) versus infiltração local de corticosteroide, com seguimento mínimo de seis meses
Ensaio clínico controlado randomizado, com alocação em paralelo de grupos. Taxa de alocação, 1:1. Foram incluidos 100 pacientes. O diagnóstico de STC foi estabelecido segundo os critérios de Graham, sendo considerados elegíveis os pacientes com STC e quatro ou mais dos critérios supracitados. Após observação dos critérios de inclusão, os pacientes foram randomizados e alocados em dois grupos: (1) imobilização com órtese noturna e (2) infiltração com corticesteróide no túnel do carpo. Os pacientes foram avaliados antes da intervenção, com uma semana, um, três e seis meses após a intervenção.Desfecho primário: melhora da parestesia noturna. Desfechos secundários: questionário de Boston-Levine (QB) avaliação da dor pela escala visual analógica da dor (EVA), melhora dos critérios diagnósticos descritos por Graham, complicações e falhas.
Oitenta e seis pacientes chegaram ao final do estudo. Quarenta e cinco utilizaram órtese noturna e 51 realizaram infiltração de esteróide no tunel do carpo. O grupo infiltração apresentou uma maior melhora da parestesia noturna por todo período, com pico até o primeiro mês após aplicação, quando comparado ao grupo de órtese noturna (p=0,026). O questionário de Boston-Levine, escore de dor e melhora dos critérios de Graham demonstraram-se superiores no grupo infiltração, até o primeiro mês, havendo equivalência entre as intervenções após 1 mês. Não identificamos complicações em ambos os grupos de alocação.
Trata-se de estudo randomizado, nível I de evidência, com resultados inéditos na literatura. Os resultados da infiltração são mais duradouras no curto prazo.
A infiltração com corticoesteróide demonstrou-se superior a órtese noturna, para melhora da parestesia noturna até o primeiro mês da intervenção.
síndrome do túnel do carpo, medicina baseada em evidências, ensaio clínico randomizado.
CLÍNICO
Hospital Alvorada - Moema - São Paulo - Brasil
Jorge Raduan Neto, Jesus Queiroz Jr., Vinícius Ynoe Moraes, Marcela Fernandes, Aldo Okamura, João Carlos Belloti