RECONSTRUÇAO DE POLEGAR COMPLETAMENTE AMPUTADO APOS PROLONGADAS HORAS EM ISQUEMIA FRIA
INTRODUÇAO: A literatura médica vigente aponta otimista no reimplante digital com prolongado período de isquemia fria. São diversos os relatos com 12, 24 e até 30 horas de isquemia fria em que o reimplante alcançou sucesso. Estes relatos, contudo, não são precisos em informar um diferente tipo de comportamento da parte amputada submetida a esta forma de conservação por tempo prolongado.
RELATO DE CASO: Paciente de 66 anos, masculino, aceito para avaliação para reimplante de polegar em nosso Serviço foi erroneamente encaminhado da origem para outro Hospital em outro município. Paciente então retornou ao município de origem, sendo novamente encaminhado para o nosso Serviço. Paciente deu entrada em centro cirúrgico com algo em torno de 15 horas de isquemia fria, conservado de forma adequada. Foi reimplantado com a veia confeccionada somente no dia seguinte.
RESULTADOS: O dedo manteve boa perfusão e teve alta no pós-operatório precoce. No seu 1o retorno, apresentava sofrimento da pele proximal do dedo e aspecto global semelhante a uma congestão (trombose venosa) de apresentação tardia. Foi seguido tratamento conservador expectante. O dedo tinha áreas de necrose contudo mantinha turgor. Com 2 meses do trauma determinou-se a reinternação para antibioticoterapia e cirurgia com desbridamento das áreas necróticas e reconstrução através do retalho de LITTLER e enxertia de pele parcial. A reconstrução tardia não deixou o dedo completamente funcional do ponto de vista de ADM de suas articulações remanescentes como nos reimplantes de sucesso precoce. Todavia, conseguiu-se um polegar oponente, sensível e de estética tolerável.
DISCUSSÃO: No paciente do estudo observamos que houve prolongado atraso na efetiva perfusão do dedo após a artéria reconstruída e com fluxo. O fluxo venoso foi retardado até 12 horas. Não há embasamento de evidência na análise de caso único, mas podemos aconselhar ao abordar um reimplante digital de tempo de isquemia prolongado. Ser paciente com a perfusão efetiva do dedo, valorizar a patência arterial e o teste ACLAND. Adotar sempre que não houver fluxo venoso, a tática de KOSHIMA de postergar a anastomose venosa para o outro dia. No caso de sofrimento parcial do dedo adotar táticas convencionais como LITTLER ou retalho antebraquial volar reverso de YANG ou chinês reverso. A reconstrução imediata de um polegar pelo cirurgião de mão na fase aguda é procedimento que não tem paralelos na questão custo-benefício.
CASO CLÍNICO
grupo de mao do IOT HC FMUSP - São Paulo - Brasil
Luciano Ruiz Torres, Rames Mattar Jr, Emygdio José Leomil de Paula, Felipe Burgos, Ana Katherina Abarca, Erick Yoshio Wataya, Luis Koiti Kimura, Bruno de Biase Cabral de Souza, Hsiang Wei Teng