Dados do Trabalho


Título

INTOXICAÇAO OSSEA ALUMINICA POR VIA ORAL EM PACIENTE DIALITICO

Introdução

LVMBC, feminino, caucasiana, 31 anos, estudante, natural de Presidente Bernardes, São Paulo. Aos 13 anos, foi diagnosticada com Lúpus eritematoso sistêmico (LES) e tratada desde então com corticoesteroides. Evoluiu com doença renal crônica (DRC) e necessidade de terapia renal substitutiva em 2005, quando iniciou diálise peritoneal (DP). Em 2010, evoluiu com hiperparatireoidismo secundário (HPTS) grave com necessidade de paratireoidectomia (PTX) subtotal. Após a PTX manteve níveis de paratormônio-intacto (PTHi) em torno de 300 pg/mL. Desenvolveu sepse abdominal em 2013, quando se optou pela mudança de DP por hemodiálise (HD), onde se manteve desde então. Em 2015, teve fraturas atraumáticas nos metatarsos bilaterais.

Material e Método

Realizado levantamento de prontuário e biópsia óssea (BX), devido a presença de fraturas atraumáticas.

Resultados

Apresentava Cálcio ionizado= 1,15mmol/L (VR 1,11 a 1,40), Fósforo= 4,7mg/dL (VR 2,3 a 4,3), Fosfatase alcalina= 90U/L (VR 35 a 104), PTHi 213pg/mL (VR 15 a 68) e 25OH-vitamina D 22ng/dL (VR > 30); além de redução de massa óssea na densitometria de Setembro de 2016 (T- escore -1,3 Z-escore= -1,3 com BMD 0,908 em L1-L4 e T-escore= -3,0 e Z-escore= -2,9 com BMD 0,429 em colo de fêmur); índice de Adragão de 5 (VR: zero a 8). O resultado da BX foi doença mista por alumínio (Al), presente em 60% da superfície óssea, além de importante redução do volume ósseo trabecular. Uma análise retrospectiva do Al sérico dos últimos 5 anos, revelou níveis de 16 ± 5,1μg/L, portanto, dentro dos valores recomendados.

Discussão e Conclusões

A presença de Al na BX foi um achado surpreendente, uma vez que a paciente iniciou seu tratamento em HD, numa época em que o tratamento da água já se fazia por meio de osmose reversa e o uso de quelantes de fósforo contendo Al estavam proscritos. Além disso, os níveis séricos de Al da paciente estavam dentro do recomendado, razão pela qual não se suspeitou de intoxicação alumínica. Além da ingestão inadvertida de compostos contendo Al, o uso crônico de corticosteroide e a redução do turnover ósseo pela PTX, podem ter sido fatores que facilitaram a intoxicação óssea pelo metal. Ao ser interrogada sobre o uso prévio de medicações à base de Al, referiu uso frequente de antiácidos contendo hidróxido de alumínio, para alívio de epigastralgia, na época da HD portanto, mesmo nos dias atuais, a ocorrência de intoxicação óssea alumínica, pela via oral, deve ser considerada, e seus fatores de risco monitorados, em pacientes com DRC sob tratamento dialítico.

Palavras Chave

distúrbio mineral e ósseo, alumínio, intoxicação, doença renal crônica, hemodialise

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Hanna Guapyassú, Leonardo Bedram, Amandha Bittencourt, Vanessa Marasca, Marcos Messias, Maria Eugênia F Canziani, Aluizio B Carvalho