Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: ESPONDILODISCITE PIOGÊNICA E TROMBOEMBOLISMO PULMONAR EM PACIENTE COM CATETER DE SHILLEY RECENTE
Introdução
A espondilodiscite piogênica é um processo infeccioso dos discos intervertebrais, cujo diagnóstico é dificultado graças à evolução insidiosa da doença. As manifestações clinicas podem envolver desde dor, até alterações neurológicas como paraparesia, sendo incomum ocorrência associada de tromboembolismo pulmonar (TEP).
Material e Método
As informações foram obtidas por revisão do prontuário, entrevista com a paciente e revisão da literatura.
Resultados
Feminino, 57 anos, em hemodiálise por nefropatia diabética. Necessitou de implante de CDL, e dez dias após, iniciou lombalgia, inédita, associada a náuseas e vômitos e urina de odor fétido. Abdome flácido, indolor a palpação, descompressão brusca e Giordano negativos. Lasegue e teste do psoas negativo. Urina rotina com 12 mil leucócitos degenerados e agrupados e hemácias 7 mil, com bacteriúria moderada. Urocultura presença de Escherichia coli 80.000 UFC/mL, multi sensível. Ultrassom rins e vias urinárias: imagens sugestivas de microcálculos caliciais no rim esquerdo e parênquima discretamente heterogêneo bilateralmente. Hemocultura com 2 amostras negativas. Com manutenção do quadro, os exames mostravam: hemoglobina 11,4, leucócitos 23400 (bastões 2% e segmentados 78%), plaquetas 315 mil, PCR 149. CDL sem sinais flogísticos e nova hemocultura (16 dias após o implante): Staphylococcus - Coagulase negativa nas duas amostras. Retirado cateter, iniciado vancomicina e solicitado ressonância magnética de coluna lombar (IRM), a qual foi realizada após 3 doses de vancomicina, mantendo lombalgia intensa, disestesia em membros inferiores e dificuldade de deambular, somado a febre e bacteremias. O exame foi compatível com espondilodiscite com acometimento de partes moles adjacentes, sem configurar coleções.Manteve uso do antibiótico e 5 dias após o exame, evoluiu com dispneia súbita, com sugestão de TEP. Ecocardiograma transtorácico com massa no interior do AD, sugestivo de trombose angiotomografia de tórax positiva para TEP. Orientado pela CCIH, trocado vancomicina por oxacilina e ceftriaxone, administrados por 7 dias, sem melhora. Optado por retorno à vancomicina, com melhora da dor e sintomas sistêmicos. Mantida anticoagulação com varfarina.
Discussão e Conclusões
A espondilodiscite é uma patologia com alta morbidade. Seu diagnóstico deve ser considerado em pacientes em uso de acesso central que evoluem com lombalgia e/ou sintomas sistêmicos. O tratamento precoce é capaz de alterar o prognóstico do paciente, devendo também ser respeitado o tempo de antibioticoterapia.
Palavras Chave
Espondilodiscite piogênica, Tromboembolismo pulmonar, Doença renal crônica
Área
Doença Renal Crônica
Instituições
Universidade de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil
Autores
Gabrielle Lima Alves Reis, Francisco Basilio Neto, Daniel Evangelista Mirandes, Vanessa Ciccilini Guerra Mochiuti