Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: ESPONDILODISCITE PIOGÊNICA EM PACIENTE EM USO DE CATETER DE LONGA PERMANÊNCIA

Introdução

A cateterização venosa central é uma via comumente utilizada para a hemodiálise. Uma complicação temida e potencialmente fatal é a espondilodiscite piogênica, cujo principal agente etiológico é o Staphylococcus aureus. Seu diagnóstico é realizado com base nas manifestações clínicas, alterações laboratoriais e imagiológicas. Devido ao quadro clínico inicial ser inespecífico, o diagnóstico é tardio, podendo levar a graves conseqüências.

Material e Método

Descrição com as informações foram obtidas por revisão do prontuário, entrevista com a paciente e revisão da literatura.

Resultados

Feminino, 56 anos, em hemodiálise há 4 anos por etiologia hipertensiva. Iniciou quadro de lombalgia, com irradiação para membros inferiores, de forte intensidade, com baixa resposta a analgesia. Sem trauma local, com lombalgia prévia de baixa intensidade. Em uso de permcath em veia jugular interna esquerda, sem sinais flogísticos, com implante há 2,5 anos. Sem febre e sintomas sistêmicos. Solicitado hemocultura, com 3 amostras negativas. Iniciou seguimento com ortopedista, com diagnóstico de artropatia e prescrição de fisioterapia motora, sem melhora do quadro. Evoluiu com hiporexia e perda ponderal importante, além de não conseguir mais deambular. Optado por coletas em série de hemoculturas, com 3 pares negativas (vias periférica e central). Realizado ressonância magnética de coluna lombar: alterações degenerativas na coluna lombar destacando-se acentuada discopatia em L3-L4 (disco acentuadamente adelgaçado, com marcado hipossinal T2, consequente à processo degenerativo). Foi iniciado vancomicina e solicitado nova hemocultura, que só então apontou presença de Staphylococcus - Coagulase negativa nas duas amostras (quatro meses após início do quadro). O permcath foi retirado e solicitado ecocardiograma transesofágico, com ausência de vegetações e trombos. Realizado ainda ressonância magnética do quadril, com visualização de artrite séptica nas articulações sacroilíacas. Paciente mantém em antibioticoterapia, conseguindo retornar deambulação após 2 semanas do início do tratamento.

Discussão e Conclusões

Apesar de rara, a espondilodiscite piogênica é um quadro limitante, encontrado em idosos, imunodeprimidos e com maior prevalência em portadores de acesso central. A importância do diagnóstico precoce visa melhor prognóstico do paciente. Pensamos ser reazoável seu screenning em pacientes dialíticos por cateter central, através de hemocultura a cada 4 meses, além de outros exames complementares conforme sinais e sintomas apresentados.

Palavras Chave

Doença renal crônica, cateter de longa permanência, espondilodiscite

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Universidade de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

João Victor Moraes de Oliveira, Lais Borges de Azevedo, Carolina Bernandes Borella, Carolina K Martins, Vanessa Ciccilini Guerra Mochiuti