Dados do Trabalho
Título
HEMOGLOBINOPATIAS, VARIANTES DE RISCO DO GENE APOL1 E PROGRESSAO DA DOENÇA RENAL CRONICA NA BAHIA.
Introdução
No Brasil, o número de pacientes em terapia renal substitutiva triplicou entre 2000 e 2016 com uma letalidade anual de 18%. Além dos fatores que são classicamente reconhecidos como determinantes da progressão de doenças renais, uma ênfase crescente tem sido atribuída à constituição genética dos pacientes. Objetivo: Estimar a frequência de variantes genéticas de hemoglobina e do gene Apol1 em pacientes com doenças glomerulares e comparar a distribuição de marcadores de atividade e cronicidade e a evolução clínico-laboratorial em pacientes portadores ou não dessas variantes
Material e Método
Um estudo de coorte prospectiva incluindo 326 pacientes submetidos à biopsia renal em Salvador. As variantes de hemoglobina foram caracterizadas por HPLC. Os genótipos de Apol1 foram testados por PCR e sequenciamento do DNA de 304 pacientes.
Resultados
As doenças glomerulares mais frequentes são nefrite lúpica (33,4%) e glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF; 20,6%). A frequência de traço falciforme é de 4,3% nos pacientes e de 4,6% na população de recém-nascidos, p=0.97; e a frequência do traço C da hemoglobina é de 3,7% nos pacientes e de 2,2% em recém-nascidos, p=0.11. A frequência das variantes de risco do Apol1 é 23% para 1 alelo e 4% para 2 alelos. Dentre os pacientes com 2 alelos de risco do Apol1, 62% têm GESF; Odds Ratio = 7 (95% CI = 2-22); p= 0,0006. A fibrose cortical é maior nos pacientes com 2 alelos (mediana = 25 [15-53])% que com 1 alelo (10 [5-25])% ou 0 alelo de risco da Apol1 (10 [5-20])%; p=0,02. A esclerose global e segmentar é maior nos pacientes com 2 alelos (mediana = 25 [15-53])% do que 1 alelo (10 [5-25])% ou 0 alelo (10 [5 -20])%; p=0,02 e a distribuição da atrofia tubular é maior nos pacientes com 2 alelos de risco (mediana = 2 [1-3,75]) do que 1 alelo de risco (1 [0-2]) ou 0 alelo de risco (1 [0-2]); p=0,03. A concentração sérica de colesterol total é alta nos pacientes com 2 alelos (mediana 366[230-416]) mg/dL que com 1 alelo (224[178-314]) mg/dL ou 0 alelo de risco do Apol1 (253[196-335]) mg/dL, p=0,02.
Discussão e Conclusões
Não tem diferença significativa na frequência das variantes de hemoglobina entre os pacientes submetidos a biópsia renal e na população geral. Os marcadores de cronicidade (esclerose segmentar e global, atrofia tubular e a fibrose intersticial renal) são mais extensas nos pacientes portadores de 2 alelos de risco. A concentração de colesterol sérico é alta nos pacientes com 2 alelos de risco do Apol1.
(Financiamento: FAPESB/PPSUS, CVLSR-FIOCRUZ).
Palavras Chave
Doenças glomerulares, doença renal crônica, Traço falciforme, Traço C da hemoglobina, Apol1.
Área
Doença Renal Crônica
Instituições
FUNDAÇAO OSWALDO CRUZ- BAHIA - Bahia - Brasil
Autores
DONA JEANNE ALLADAGBIN, Débora Leal Viana, Geraldo Gileno de Sá Oliveira, Luciano Kalabric Silva, Epitácio Rafael da Luz Neto, Nadia de Andrade Khouri, Tatiana Amorim, Marilda de Souza Gonçalves, Washington Luis Conrado dos-Santos