Título

Recidiva em Síndrome Hemolítico Urêmica Atípica após descontinuidade não planejada da terapia com eculizumabe: resultados parciais da escassez da droga no Brasil

Introdução

A descontinuidade da terapia com eculizumabe na Síndrome Hemolítico Urêmica Atípica (SHUa) tendo sido baseada na avaliação clínica dos pacientes, estudo genético e tempo de uso da droga. Nosso estudo mostra desfechos de uma descontinuidade não planejada devido a uma escassez da droga no Brasil.

Material e Método

Foram enviados emails para 775 centros de diálise e 25 nefrologistas clínicos em todo Brasil. Coletamos dados de 22 pacientes com diagnóstico de SHUa que tiveram a terapia com eculizumabe interrompida durante pelo menos um mês, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018. Um paciente foi excluído do estudo por apresentar mutação no gene que codifica diacylglycerol kinase-epsilon (DGKE). Os desfechos primários considerados foram: hemólise (aumento da lactato desidrogenase sérica ou consumo haptoglobina sérica), injúria renal aguda ou início de diálise, e microangiopatia trombótica encontrada em biópsia renal.

Resultados

Nós analisamos 22 episódios de exposição de risco que ocorreram com 21 pacientes incluídos neste estudo. Em relação às características de base dos pacientes, encontramos 15 pacientes do sexo feminino (68,2%), média de idade de 31,5 anos e desvio padrão (DP) de 11,8, a média de tempo sem uso da droga foi de 147,8 dias (DP=102,3), 4 pacientes (18,2%) estavam em diálise e 9 (40,9%) possuíam enxerto renal funcionante. Foram encontradas mutações em genes que codificam as seguintes proteínas: CFH 9 (40,9%), C3 3 (13,6%), CFHR1 - CFHR3 1 (4,5%), CFI 1 (4,5%), indeterminada 4 (18,1%). Foram incluídos 4 (18,1%) episódios em que não houve pesquisa de mutação genética. Após a descontinuidade, 10 episódios (45,4%) culminaram em algum desfecho primário. A porcentagem de recidiva de SHUa em 30, 90 e 180 dias foram respectivamente de 0%, 28,6% e 51,6%.

Discussão e Conclusões

Encontramos na literatura séries de casos com de descontinuidade programada do uso do eculizumabe na SHUa. Avaliamos dados após uma escassez no abastecimento da droga ao redor do Brasil. Os desfechos primários avaliados são potencialmente danosos à vida e à função renal dos pacientes. Nosso estudo mostrou 45,4% de recidiva de SHUa e incidência cumulativa de desfecho de 51,6% em 180 dias em pacientes que tiveram sua descontinuidade da terapia com eculizumabe de forma não planejada.

Palavras Chave

Síndrome Hemolítico Urêmica Atípica, Eculizumabe, Microangiopatia trombótica, SHUa

Área

Nefrologia Clínica