Dados do Trabalho
Título
PERFIL EPIDEMIOLOGICO E CLINICO DA NEFROPATIA MEMBRANOSA NAO LUPICA: COMPARAÇAO ENTRE JOVENS E IDOSOS.
Introdução
No Brasil a Nefropatia Membranosa (NM) é a segunda doença glomerular primária mais prevalente, correspondendo a 20,7% das glomerulopatias primárias. Quando excluída a nefrite lúpica, aproximadamente 20% das Nefropatias Membranosas são associadas a causas secundárias, incluindo infecções, outras doenças autoimunes, neoplasias e medicações. Este estudo tem por objetivo avaliar o perfil epidemiológico e clínico dos pacientes diagnosticados por biopsia renal com NM, comparando os dados entre pacientes jovens e idosos.
Material e Método
Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo do período entre 1999 a 2017, onde foram avaliados dados clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e histológicos de pacientes adultos com biopsia renal com NM acompanhados pelo ambulatório de Nefrologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. O único critério de exclusão foi ter diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico à época da biopsia renal.
Resultados
Nesse período 219 pacientes tiveram biópsia renal com diagnóstico de NM, apresentando-se ao diagnóstico com média de idade de 45,3 ± 15,7 anos, 53,8% de mulheres, mediana de creatinina sérica de 1,0 (0,8 – 1,7) mg/dl; mediana de proteinúria de 6,0 (3,0 -8,8)g/dia e mediana de albumina sérica de 1,8 (1,2 – 2,5)g/dL. Houve 48,4% de hipertensos e 35,6% com hematúria ao diagnóstico. Um total de 44 (20%) pacientes eram idosos ao diagnóstico com variação de idade mínima e máxima de 60 a 82 anos. Comparando o grupo idoso com os pacientes jovens não houve diferença entre a mediana de proteinúria inicial ou presença de hematúria, entretanto os idosos apresentaram creatinina sérica mais elevada, 1,3 (1,0 – 2,5) mg/dl vs 1,0 (0,7 – 1,40 mg/dl, p =0,0028, além de maior proporção de homens (63%) e hipertensos (70%). Em relação a etiologia dos 219 pacientes , 35 (16%) apresentaram causas secundárias, sendo causas infecciosas em 14 pacientes correspondendo a 40% do total das causas secundárias; 12 pacientes, correspondendo a 34,2% das causas secundárias, com doenças autoimunes e 7 (20% das causas secundárias) com doenças neoplásicas. Não houve diferença na proporção e tipo de causa secundária entre idosos e jovens.
Discussão e Conclusões
A NM mostrou perfil epidemiológico diferente entre jovens e idosos, havendo neste último grupo um predomínio de homens, hipertensos e creatinina sérica inicial maior. As formas secundárias corresponderam a menos de 20% nesta casuística predominando as etiologias infecciosas e autoimunes, sem diferença em relação a jovens e idosos.
Palavras Chave
Nefropatia Membranosa, epidemiologia, idosos
Área
Doenças do Glomérulo
Instituições
Hospital das Clínicas FMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
Renata Brandão, Lecticia Jorge Barbosa, Viktoria Woronik, Cristiane Bitencourt Dias