Dados do Trabalho


Título

RUPTURA TENDINEA PREDIZ FRATURA EM PACIENTES COM HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDARIO GRAVE EM HEMODIALISE

Introdução

O hiperparatiroidismo secundário (HPTS) vem sendo sugerido como principal causa de ruptura de tendão em pacientes em hemodiálise (HD) crônica. As rupturas espontâneas tendíneas são complicações relativamente raras, porém, potencialmente graves. Os distúrbios do metabolismo mineral e ósseo na doença renal crônica (DMO-DRC), também decorrente do HPTS, estão relacionados ao maior risco de fraturas pelo elevado remodelamento ósseo. Nosso objetivo foi analisar se história de ruptura tendínea em pacientes com HPTS grave em hemodiálise se associa com maior risco de fratura.

Material e Método

Avaliamos pacientes>18 anos, em HD>1 ano e PTH>1.000pg/ml. No momento basal, coletamos dados clínicos, incluindo história de ruptura tendínea submetida à cirurgia corretiva, além de radiografias (bacia, quadris e coluna) para avaliação da presença de fraturas antigas de fêmur e vértebras. Posteriormente, acompanhamos os pacientes prospectivamente entre 2013 e 2017 para avaliação de ocorrência de novas fraturas ou refraturas. Realizamos análise comparativa de variáveis categóricas através de teste exato de Fisher e ocorrência de desfecho por curva de Kaplan-Meier.

Resultados

Selecionamos 41 pacientes, 41% homens e 59% de mulheres, 47,0±9,8 anos, IMC 24,1±4,4Kg/m2, em HD há 133±54 meses, sendo hipertensão arterial (34%) e causas indeterminadas (27%) as principais doenças de base. Valores séricos basais: PTHi 2.706±1.183 pg/ml; Ca corrigido 10,1±1,0 mg/dl; P 6,1±1,3 mg/dl; Mg 2,2±0,5mg/dl; Albumina 3,6±0,5g/dl; HCO3 19,4±7,8 mmol/l; 25OHvitD 22,5±12,5 ng/ml; FAL 1.344±1.153 U/l. Os pacientes foram acompanhados por 32±15 meses. Na análise comparativa, dentre os 16 pacientes (39% do total) que apresentavam história de ruptura tendínea na avaliação basal, 6 (38%) desenvolveram fratura óssea. Já no grupo de 25 pacientes (61% do total) sem história de ruptura tendínea, somente 2 (8%) desenvolveram fraturas (OR=6.9; IC95% 1,18-40,2), havendo diferença significativa por teste de Long-Rank na ocorrência de eventos (p=0,04) no período analisado.

Discussão e Conclusões

A ruptura espontânea de tendão no HPTS tem sido descrita como resultado da elevada reabsorção osteoclástica no local de inserção do tendão. Os principais preditores de ruptura de tendão descritos na literatura, como hemodiálise prolongada, PTHi e fosfatase alcalina elevados, também estão relacionados à maior risco de fraturas espontâneas. Neste estudo, a ocorrência prévia de ruptura tendínea foi capaz de predizer significativamente maior risco de novas fraturas ou refraturas.

Palavras Chave

Hemodiálise; Hiperparatiroidismo; Tendões; Fraturas Ósseas.

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Gabriela Araújo Campos, Maurilo de Nazaré de Lima Leite Jr, Carlos Perez Gomes, Alinie da Silva Pichone