Dados do Trabalho


Título

SURTO DE FEBRE AMARELA NA REGIAO METROPOLITANA DE SAO PAULO: CASOS GRAVES TRATADOS EM UM HOSPITAL DE ATENÇAO TERCIARIA.

Introdução

Antes de abril de 2017, as cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo, que têm uma população coletiva de 32 milhões, não foram consideradas em risco para a transmissão do vírus da febre amarela (FA). Aqui, descrevemos casos graves de FA tratados durante recente surto que afetou ambas as cidades.

Material e Método

Entre dezembro de 2017 e abril de 2018, 100 pacientes com FA grave foram encaminhados ao nosso serviço, hospital terciário da região metropolitana de São Paulo. Dos 74 que desenvolveram Injúria Renal Aguda (IRA) a idade média foi de 45,5 ± 15,1 anos, 87,8% necessitaram de Ventilação Mecânica (VM), 87,8% necessitaram de vasopressores, 93,2% necessitaram de Terapia Renal Substitutiva (TRS) e 77% faleceram. Nós comparamos sobreviventes e não sobreviventes. Os dados foram expressos em mediana [intervalo interquartil], média ± desvio padrão ou porcentagem.

Resultados

No dia 1 da UTI (ICUD1), os sobreviventes e os não sobreviventes não diferiram quanto ao Simplified Acute Physiology Score (SAPS), uréia ou creatininae nem diferiram em relação ao balanço hídrico, necessidade de transfusão sangüínea, sódio, albumina, bilirrubina total, hemoglobina, fibrinogênio, uréia ou creatinina no dia 1 de TRS (TRS1). No entanto, no TRS1, houve diferenças entre sobreviventes e não sobreviventes (p <0,05) quanto: débito urinário - 395 [162-835] versus 140 [0-450] ml / dia; Uso de VM - 53 vs. 98%; uso de vasopressores - 47 vs. 100%; AST-6631 [4873-7312] vs. 11,008 [6673-15,721] U / L; ALT - 3587 [2189-4479] vs 5009 [3204-7119] U / L; amilase-107 [81-147] vs. 187 [106-382] U / L; potássio - 4,4 ± 0,5 vs. 5,0 ± 0,9 mEq / L; cálcio ionizado (iCa) - 4,2 ± 0,3 vs. 3,78 ± 0,6 mg / dl; fósforo - 4 [2,3-5,1] vs. 6,5 [4-8,1] mg / dl; bicarbonato - 18,3 ± 4,0 vs 14,6 ± 5,3 mEq / L; INR - 1,7 [1,4-2,0] vs. 2,6 [2-3,4]; fator V-51 [30-71] vs. 30 [17-42]%; amônia - 58 [52-91,5] vs. 101 [68-168] µmol / L; e TRS contínua - 47 vs. 93%. A análise univariada mostrou que a mortalidade se correlacionou com VM (OR = 49,8), AST (OR = 1), ALT (OR = 1), potássio (OR = 3,3), iCa (OR = 0,19), INR (OR = 2,9) e amônia (OR = 1).

Discussão e Conclusões

A pancreatite foi uma descoberta surpreendente e sem precedentes. Esperamos que o conhecimento adquirido durante este surto de FA mais recente guie as decisões relativas às políticas de saúde pública no Brasil, resultando em menor mortalidade em futuros surtos.

Palavras Chave

febre amarela, surto, pancreatite, injuria renal aguda

Área

Lesão Renal Aguda

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Marcia Oliveira, Gabriel Barsotti, Victor Seabra, Camila Rodrigues, Marcelo Silveira, Bernardo Reichert, Lucia Andrade