Título

FASCIITE NECROTIZANTE NASAL EM PACIENTE TRANSPLANTADA DE RIM: RELATO DE CASO

Introdução

A evolução dos imunossupressores no transplante renal contribuiu para maior sobrevida do enxerto. Entretanto, a infecção e as neoplasias se tornaram barreiras na sobrevida após o transplante. Devido a maior longevidade da população de pacientes imunossuprimidos, tem sido observado aumento da incidência e espectro de infecções oportunistas. Dentre esse espectro, a fasciíte necrotizante (FN) tem posição de destaque pela sua gravidade clínica. Este relato tem como objetivo descrever um caso clínico de FN em região nasal de paciente transplantada renal.

Material e Método

RELATO DE UM CASO COM INFORMAÇÕES DO PRONTUÁRIO ELETRONICO

Resultados

Trata-se de paciente negra, 18 anos, transplantada renal - doador falecido em 12/2016, em uso de prednisona 5mg, micofenolato sódico 1440mg e tacrolimo 8mg ao dia. Admitida em 16/01/2019 em hospital universitário com lesão acneiforme em região nasal há 8 dias, que evoluiu para necrose após 4 dias – apresentava área necrótica em ponta nasal, com extensão para região de septo e asa nasal esquerda, halo eritematoso sobreposto, dor intensa à palpação, febre, náuseas, diarreia e pancitopenia.
Foi iniciada antibioticoterapia de amplo espectro com cefepime e vancomicina, e suspenso micofenolato devido à leucopenia. A nasofibroscopia não mostrou acometimento de septo nasal, naso, oro e hipofaringe. Foi realizada biópsia da lesão para histologia e cultura para fungos e bactérias. O debridamento da área necrótica foi realizado pela equipe cirúrgica após delimitação.
Resultados de hemocultura e biópsia evidenciaram crescimento de Pseudomonas aeruginosa sensível à ciprofloxacina. A pesquisa de fungo foi negativa e o anatomopatológico era compatível com FN, sem acometimento de vasos. Completou 14 dias de tratamento com ciprofloxacina, com boa evolução do ponto de vista clínico, restando áreas cicatriciais com programação de cirurgia plástica para correção estética.

Discussão e Conclusões

A FN é uma infecção dos tecidos moles profundos que resulta na destruição progressiva da fáscia muscular e da gordura subcutânea suprajacente, e está associada a altos índices de morbimortalidade, se o tratamento precoce não for instituído. Pode ser dividida em duas categorias microbiológicas: polimicrobiana (tipo I) e monomicrobiana (tipo II). São escassos os relatos da literatura sobre FN por Pseudomonas sp.
Concluímos que o reconhecimento clínico precoce e antibioticoterapia efetiva são essenciais para desfecho favorável, especialmente em pacientes transplantados e imunossuprimidos.

Palavras Chave

FASCIÍTE NECROTIZANTE; INFECÇÃO BACTERIANA; IMUNOSSUPRIMIDO; TRANSPLANTE RENAL

Área

Transplante