Dados do Trabalho
Título
Eventos tromboembólicos na síndrome nefrótica: achados clínicos e laboratoriais.
Introdução
A síndrome nefrótica (SN) encontra-se entre as doenças renais mais comuns da infância, sendo o tromboembolismo uma de suas possíveis complicações. É reconhecido na SN um estado de hipercoagulabilidade adquirida levando a um aumento do risco de eventos tromboembólicos (ETE). Neste estudo, propomos descrever uma série de casos de pacientes com SN que apresentaram ETE na evolução, caracterizando os fatores associados a esta complicação.
Material e Método
Avaliação de pacientes portadores de SN que apresentaram ETE no período entre os anos de 2016 e 2018 durante acompanhamento em ambulatório de nefrologia pediátrica.
Resultados
No período de estudo, 5 crianças (3 do sexo masculino) apresentaram ETE no curso da SN. Entre os casos, 3 (60%) apresentavam diagnóstico histológico de lesão mínima (LM) e 2 casos não haviam realizado biópsia renal. A média de idade no ETE foi de 8,6 ± 3,5 anos, o tempo médio entre o diagnóstico de SN e o desenvolvimento de ETE foi de 2,9 anos, sendo que em dois casos o ETE ocorreu durante o primeiro ano de SN. Foram encontrados, no momento do ETE, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia em todos os pacientes, hiperfibrinogenemia em 4 casos e infecção em 2 crianças. A trombose venosa (TVP) foi observada em 3 casos, sendo em 2 destes relacionada à presença de cateter venoso central (CVC). Dois casos apresentaram trombo intracardíaco, tendo um deles apresentado associação com tromboembolismo pulmonar. Todos receberam tratamento com anticoagulação convencional, evoluindo com resolução do ETE em todos os casos.
Discussão e Conclusões
Os padrões histológicos mais associados à ocorrência de ETE são a glomerulonefrite membranosa ou glomeruloesclerose segmentar focal, não encontradas em nossa casuística. Os eventos ocorreram em vigência de atividade da doença, proteinúria maciça, hipoalbuminemia, infecções e presença de CVC. A varfarina foi a medicação de escolha para alta hospitalar, principalmente por seu custo inferior, uso oral e disponibilidade nos serviços de saúde.
O tromboembolismo é uma das complicações potencialmente grave da SN, e embora raro, alguns pacientes estão sob maior risco. Na ocorrência de trombose, deve-se instituir tratamento com anticoagulação convencional. Não há consenso quanto a profilaxia, sendo necessário mais estudos para identificar biomarcadores de risco e determinar a eficácia e segurança de um tratamento profilático em pacientes selecionados.
Palavras Chave
Síndrome nefrótica; trombose.
Área
Nefrologia pediátrica
Instituições
UNIFESP - São Paulo - Brasil
Autores
VANESSA MAYUMI SUMIYOSHI, Débora Oliveira BATISTA, Mariana Griebeler ROCKENBACH, Alison Alves FARIAS, FLAVIA VANESCA FELIX LEÃO, MARIA CRISTINA ANDRADE, MARIA APARECIDA PAULA CANÇADO