Dados do Trabalho
Título
CORTICO-SENSIBILIDADE NA SINDROME NEFROTICA DA INFANCIA: CARACTERISITICA OU CIRCUNSTANCIA
Introdução
O conhecimento científico de diferentes aspectos da Síndrome Nefrótica (SN) Idiopática na infância tem se ampliado grandemente nas últimas duas décadas, pelas recentes descobertas dos genes ligados à SN, e pela releitura dos dados clínicos. A interpretação do perfil de córtico-sensibilidade, é aspecto especialmente relevante, modulando a conduta e o prognóstico da doença.
Objetivo: Avaliar a persistência da falta de resposta inicial ao corticóide, em função de parâmetros clínicos, laboratoriais iniciais e da resposta ao tratamento com outras opções terapêutica.
Material e Método
MateriaL e métodos: Estudo retrospectivo. Incluídos pacientes com SN, de um a 18 anos de idade e com pelo menos 05 anos de acompanhamento. A resposta à corticoterapia (negativação da proteinúria) foi avaliada após oito semanas de tratamento, e após seis, 12 e 60 meses. Foram avaliados concomitantemente: escore-z de peso/estatura, e dados laboratoriais pertinentes ao diagnóstico de SN. Foram considerados três perfis de resposta: córtico-sensível (CS) da primeira à última avaliação (Grupo 1); CR do início ao final do acompanhamento (Grupo 2) e córtico-resistente (CR) na primeira avaliação mas CS na evolução (Grupo 3). O termo CR foi utilizado como sinônimo de ausência de negativação da proteinuria. Comparações com o teste de Chi-quadrado, com p= 0,05.
Resultados
Resultados: Incluídos 139 pacientes, idade de 52 ± 35 meses. A proporção de CR/CS diminuiu significativamente de 8 semanas para 6, 12 e 60 meses (p<0,00). Ao final de 8 semanas de corticoterapia, 33 eram CR (23,74%) e, após 5 anos, apenas nove (6,47%). A droga de segunda opção mais frequente foram os Inibidores de Calcineurina (IC). Foi observado que o Grupo 2 apresentou frequência significativamente maior de DE (p<0,00), de aumento de creatinina (p=0,02), de presença de hematúria (p<0,00), e de proteinúria não-seletiva (p=0,004) na primeira avaliação.
Discussão e Conclusões
Os resultados demonstraram que a falta de resposta à corticoterapia após 8 semanas de tratamento é critério pouco confiável na identificação dos pacientes CR. A utilização de uma segunda medicação (IC)foi útil para a negativação da proteinúria na maioria dos pacientes considerados córtico-resistentes. A presença de hematúria, dismorfismo eritrocitário e proteinúria não-seletiva, podem acrescentar subsídio na identificação mais precisa dos pacientes verdadeiramente córtico-resistentes. A resposta ao uso de IC também pode ser utilizada na discriminação da evolução e prognóstico.
Palavras Chave
Síndrome nefrótica, evolução, resposta terapêutica, córtico-resistência
Área
Nefrologia pediátrica
Instituições
FCM - UNICAMP - São Paulo - Brasil
Autores
Marina Rodrigues Cordeiro, Anna Cristina Gervasio B Lutaif, Cassio R Ferrari, Sumara ZP Rigatto, Liliane C Prates, Vera M S Belangero