Dados do Trabalho


Título

DESFECHOS DA DIALISE PERITONEAL COMO ULTIMA OPCAO

Introdução

Hemodiálise (HD) utilizando cateter temporário é a modalidade mais comum de diálise inicial¹. Infecções, mau funcionamento, estenose e obstrução do vaso podem ocasionar exaustão vascular². Diálise peritoneal (DP) parece ser uma opção para o início urgente de diálise crônica³. Objetiva-se avaliar os principais desfechos dos pacientes que ingressaram na DP por falência de acesso vascular para HD.

Material e Método

Trata-se de uma pesquisa documental, com avaliação dos registros em prontuários dos pacientes acompanhados ambulatoriamente em clínica de diálise numa cidade do interior da Bahia. Investigou-se as repercussões terapêuticas dos pacientes que migraram da HD para DP de junho/2016 a março/2019.

Resultados

88 pacientes ingressaram na DP provenientes da HD. 75 pacientes (85,2%) migraram por exaustão do acesso vascular, complicações do cateter e tentativas não exitosas de acesso definitivo; 8 (9,1%) migraram pelo comprometimento cardíaco e 5 (5,7%) expressaram interesse espontâneo pela DP. Medo da diálise domiciliar, de infecções e morte foram os principais motivos expressos por 56 pacientes (63,6%), que retardou o ingresso na DP. 51 (58%) pacientes encontram-se estáveis, 12 (13,7%) retornaram à HD por peritonites não resolvidas e manejo volêmico deficiente, 22 (25%) evoluíram à óbito, 2 (2,2%) recuperam a função seguindo em tratamento conservador e 1(1,1%) submetido ao transplante renal. Dos 22 óbitos, o tempo de sobrevida variou de 6 dias a 2 anos e 6 meses, 15 destes (68,2%) evoluíram a óbito no 1º ano de DP.

Discussão e Conclusões

DP como primeira escolha apresenta vantagens, como: sistema venoso intacto, preservação da função renal residual e flexibilidade do estilo de vida. Entretanto, os pacientes em estudo optaram pela DP como “última alternativa” de sobrevida à dialise. Parte dos pacientes encontravam-se em quadro de anúria, desequilíbrio eletrolítico por mal funcionamento do cateter, função cardiológica comprometida pela HD e edema importante. Esse perfil impactou diretamente no sucesso da DP, forçando programações extensas e diárias na tentativa de reduzir respostas hemodinamicamente desfavoráveis e, consequentemente o óbito. Os pacientes que evoluíram à óbito no primeiro ano estavam hemodinâmico e cardiologicamente descompensados. CONCLUSÕES: Pacientes instáveis que migraram para DP por falência de acesso tiveram desfechos importantes como óbito no 1º ano de diálise, prejudicando a eficiência da técnica e da qualidade do tratamento.

Palavras Chave

Diálise peritoneal, falência de acesso, hemodiálise.

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Clínica Senhor do Bonfim - Bahia - Brasil

Autores

Raísa Correia Souza, Sumaia Oliveira Cabral, Raphael Pereira Paschoalin, Nathália Pereira Paschoalin, José Andrade Moura Neto, Túlio Coelho Carvalho