Dados do Trabalho


Título

600 HORAS SEGUIDAS DE HEMODIAFILTRAÇAO CONTINUA

Introdução

Modalidades contínuas de terapia renal substitutiva(TRS) são rotina na terapia intensiva. Hipervolemia refratária e instabilidade hemodinâmica são suas principais indicações. Não é habitual realização destas por tempo prolongado devido à gravidade dos pacientes.
Neste relato, mencionamos a experiência de serviço de hospital de médio porte na realização de hemodiafiltração contínua(CVVHDF) por período prolongado, superior a 600 horas.

Material e Método

Paciente sexo feminino, 80 anos, múltiplas comorbidades: doença pulmonar obstrutiva crônica(DPOC), hipertensão arterial pulmonar secundaria, angiodisplasias intestinais com hemorragia digestiva de repetição, insuficiência cardíaca (IC) sistólica, doença renal crônica estádio 4. Interna por sepse de foco abdominal evoluindo choque misto. Apresentava balanço hídrico(BH) acumulado de +11L e elevação de escorias, associado a uso de noradrenalina, vasopressina e dobutamina.

Resultados

Iniciada CVVHDF com estabilidade, atingindo BH negativo. Houve melhora hemodinâmica, mas apresentou complicações hemorrágicas e infecciosas com grandes volumes de infusão (hemoderivados e diluições), impossibilitando conversão da modalidade de TRS. Totalizadas 600h, 25 dias de CVVHDF ininterruptas, com as seguintes complicações: troca de acesso venoso por 2 vezes (disfunção e retirada inadvertida), hipotermia e alcalose metabólica. Todos circuitos foram trocados com 72h, à exceção de 2 (perda do acesso durante manipulação e coagulação). Apesar de melhora inicial, evoluiu com piora infecciosa e hemorragia digestiva não-resolvida, com óbito em CVVHDF, mesmo controlada do ponto de vista volêmico e metabólico.

Discussão e Conclusões

A CVVHDF foi escolhida como modalidade de TRS neste caso para adequação à situação hemodinâmica e volêmica.
No sucesso terapêutico foram essenciais: pressão de acesso satisfatória (-50 a -80mmHg), utilizando-se cateter adequado (idealmente >12Fr) e manutenção de cálcio de circuito adequado (0,25-0,45mmol/L), além de profissional de diálise experiente, dedicação exclusiva à TRS em curso.
Duração prolongada da CVVHDF exige conhecimento das complicações mais comuns ao método e de seu manejo. Neste caso, hipotermia foi solucionada com aquecimento da paciente e da solução de reposição e, alcalose metabólica, com uso de banho sem bicarbonato e aumento da dose de diálise.
Ressaltamos a importância de discutir a reversibilidade da doença de base e das outras disfunções orgânicas, pois apesar de TRS bem-sucedida, houve desfecho clínico desfavorável.

Palavras Chave

HEMODIAFILTRAÇÃO CONTINUA, TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA, INJURIA RENAL AGUDA

Área

Lesão Renal Aguda

Instituições

CLINICA DE DOENÇAS RENAIS DE BRASILIA - Distrito Federal - Brasil, HOSPITAL DAHER - Distrito Federal - Brasil

Autores

GERALDO RAMOS RUBENS FREITAS, THIAGO AZEVEDO REIS, JULIANO FREITAS COSTA, RODRIGO SOUSA CONTI, JURACY CAVALCANTE LACERDA JR, MARIA LETICIA CASCELLI AZEVEDO REIS, EVANDRO REIS SILVA FILHO