Dados do Trabalho
Título
DEPOSITO DE IGM NA SINDROME NEFROTICA EM CRIANÇAS
Introdução
A Nefropatia por IgM foi descrita em 1978 por Cohen e Bhasin e ainda não existe consenso na literatura sobre as definições utilizadas para o diagnóstico e o impacto no desfecho clinico. O objetivo do nosso estudo foi avaliar o significado dos depósitos glomerulares de IgM na Síndrome Nefrótica (SN) em crianças.
Material e Método
Trinta e duas crianças com SN submetidas a biópsia renal em hospital terciário com IgM positivo e grupo controle composto por trinta e duas crianças IgM negativo selecionadas aleatoriamente. Foram incluídos na análise histopatológica Doença de Lesão Mínima (LM), Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) e Proliferação Mesangial (PM). Na imunofluorescência a positividade foi definida com a presença de IgM no glomérulo. Os pacientes foram estratificados em IgM positivo (n=32) e IgM negativo (n=32) e analisados retrospectivamente.
Resultados
Dos 64 pacientes a microscopia ótica evidenciou 46 (71,9%) com Lesão Mínima, 10 (15,6%) com Glomeruloesclerose Segmentar e Focal e 8 (12,5%) com Proliferação Mesangial. A idade mediana ao diagnóstico foi de 3,29 anos (0,33-14,17) e tempo médio de seguimento de 9 anos. O grupo IgM positivo foi representado por 14 pacientes (43,8%) em remissão, 11 pacientes (34,4%) com doença ativa e 7 pacientes (21,9%) em terapia renal substitutiva. O grupo IgM negativo incluiu 14 pacientes (43,8%) em remissão, 16 (50%) com doença ativa e 2 (6,3%) em terapia renal substitutiva.
Discussão e Conclusões
A síndrome nefrótica idiopática é a forma mais comum de síndrome nefrótica infantil, representando mais de 90% dos casos entre 1 e 10 anos de idade. Os depósitos de IgM têm implicado significância diversa no curso clínico e desfecho na SN. Alguns pesquisadores questionam a importância dos depósitos de IgM isoladamente. Nossos dados evidenciaram resistência inicial a esteroides mais frequente no grupo IgM negativo em comparação com IgM positivo (43,8% vs. 40,6%), mas a diferença não foi significativa. A taxa de remissão foi igual nos dois grupos (43,8%). A redução da taxa de filtração glomerular está bem relacionada com o depósito glomerular de IgM na literatura e foi corroborada na nossa revisão. No grupo IgM positivo 31,3% dos pacientes evoluíram com diminuição da função renal e no grupo controle 9,4% (OR = 4,39; IC = 1,08-17,89; p = 0,03).
Este estudo tem limitações pela coorte relativamente pequena, porém foi encontrado risco significante de redução da taxa de filtração glomerular no grupo IgM positivo.
Palavras Chave
Síndrome nefrótica, deposito de IgM, biópsia renal, doença de lesão mínima, glomerulosclerose segmentar focal, proliferação mesangial
Área
Doenças do Glomérulo
Instituições
UNIFESP - São Paulo - Brasil
Autores
Mariana Griebeler Rockenbach, Débora de Oliveira Batista, Vanessa Mayumi Sumiyoshi, Alison Alves de Farias, Maria Cristina Andrade, Flávia Vanesca Felix Leão Netto, Maria Aparecida de Paula Cançado