Dados do Trabalho


Título

COMPARTILHANDO ESPAÇO: MANUTENÇAO DE UMA PACIENTE EM DIALISE PERITONEAL DURANTE A GESTAÇAO

Introdução

A manutenção de diálise peritoneal (DP) durante uma gestação é sempre um desafio pela dificuldade em alcançar controle metabólico com dose adequada de diálise e evitar as possíveis complicações pelo compartilhamento da cavidade abdominal entre feto e solução de diálise.

Material e Método

Neste relato descrevemos um caso de uma gestação mantida em conjunto com a DP.

Resultados

Mulher 37 anos, G4P3A1, com diagnóstico de GESF em DP e relato de ciclos menstruais irregulares. Relata amenorréia secundária, com dosagem sérica de beta gonadotrofina humana maior que 5.000 mUI/mL e ultrassonografia transvaginal confirmando gestação tópica única. Durante o período gestacional foi necessário redução do volume de infusão por queixa de distensão abdominal e pela presença de polidrâmnio. Realizado parto cesárea por iteratividade com 33 semanas e 4 dias. Recém-nascido necessitou de cuidados intensivos por insuficiência respiratória e sepse neonatal precoce. A paciente manteve-se em DP até a data do parto, e após o parto transicionou para hemodiálise (HD) devido o manuseio cirúrgico da cavidade peritoneal.

Discussão e Conclusões

A diminuição dos níveis séricos de estrogênio e progesterona, alteração do nível dos hormônios luteinizante e folículo-estimulante gerando ciclos anovulatórios, e diminuição da libido são possíveis explicações para uma baixa prevalência de gestação em pacientes dialíticas (1-7%). A maioria dos casos descritos se encontra em HD. Em uma revisão sistemática recente foram levantados 574 gestações em pacientes em diálise, sendo somente 51 casos de pacientes em DP, e destes, somente 4 casos na América do Sul. A gestação neste cenário além de incomum tem-se maior risco de complicações, como prematuridade, pré eclâmpsia e baixo peso do recém nascido. Especificamente na DP há relato de maior risco de episódios de peritonites, desnutrição proteica, náuseas, anorexia e edema labial fetal. O controle volêmico e a concentração sérica de ureia são as principais variáveis para a vitalidade fetal. A hipervolemia aumenta o risco de pré-eclampsia e a hipovolemia pode causar hipóxia fetal. Os valores séricos de ureia que asseguram menor chance de complicação fetal são discutíveis. Também não há consenso acerca do melhor método dialítico, devendo sempre considerar aspectos clínicos e laboratoriais em cada caso.

Palavras Chave

gestação; diálise peritoneal; doença renal crônica;

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

FELIPE SEABRA COSTA CUNHA, CICERO FAUSTINO FERREIRA, LÁZARO BRUNO BORGES SILVA, MARCIO DANTAS