Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO CLINICA E PERFIL HISTOLOGICO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS DE RIM QUE EVOLUEM COM FALENCIA CRONICA DE ENXERTO PREVIAMENTE FUNCIONANTE

Introdução

Acompanhar a evolução dos pacientes após falência de enxerto é importante para aferir os desfechos relacionados à própria transplantação. Estudos prévios têm demonstrado que há componente de atividade imune na maior parte das falências do enxerto, mesmo naqueles pacientes que perderam a função por disfunção crônica do enxerto de etiologia não medida por resposta alo imune. O objetivo deste estudo, portanto, foi avaliar as alterações histológicas em pacientes com falência de enxerto enxertos cronicamente perdidos, bem como as características clínicas do retorno à diálise.

Material e Método

Estudo de coorte histórica com 944 pacientes transplantados de rim entre 2002-15, e que foram acompanhados até 2017. Foram consideradas as alterações histológicas da biópsia (BxR) realizada antes do retorno à diálise, e as características clíncio-laboratoriais dos pacientes que evoluíram com falência de enxerto previamente funcionante, sendo apresentadas aqui apenas as análises descritivas.

Resultados

Em um período de acompanhamento de 68,1 (31,6; 112,4) meses, 217 (23%) enxertos foram perdidos, 42,4% (n=92) por óbito com fim funcionante, 42,4% (n=92) por falência de enxerto previamente funcionante, 10,6% (n=23) por ausência primária do enxerto e 4,6% (n=10) por óbito em rim nunca funcionante. Entre as perdas de enxerto previamente funcionante, 50% (n=46) deu-se por rejeição crônica (RC), 22,8% (n=21) por rejeição aguda e 20,7% (n=19) por recorrência da doença de base. Dos pacientes com RC, 78,3% (n=36) tinham BxR 6,1 [0,57; 14,1] meses antes da perda do enxerto. Os principais achados na histologia foram: FI/AT= 88,9%, esclerose glomerular= 80,6%, lesões crônicas vasculares= 83,3% e glomerulopatia do Tx= 19,4%. Cerca de metade apresentava algum componente de lesão aguda e/ou ativa: RAC= 22,2%, RCMA ativa= 16,7% e RAMA= 5,6%. Do ponto de vista clínico, 96,7% retornaram para HD, 63% com acesso definitivo. Os principais parâmetros laboratoriais foram: Hb= 9,36 g/dL, Ureia= 135,6 mg/dL; Cai= 1,18 mMol/L, P= 5,10 mg/dL e PTHi= 184,1 ng/dL. Óbito ocorreu em 21,7% dos casos, em média 21,4 (10,4; 46,50) após a falência do enxerto.

Discussão e Conclusões

Metade dos pacientes com RC apresenta lesões histológicas agudas ou ativas próximo do retorno à diálise. A maior parte deles inicia a diálise com acesso definitivo e com controles satisfatórios dos parâmetros de síndrome urêmica.

Palavras Chave

Perda crônica; Falência do enxerto; Transplante Renal

Área

Transplante

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

Lúcio R. Requião-Moura, Paula R. Bicalho, Érika A Ferraz, Rogerio Chinen, Luciana M M B Pires, Ana Paula Bertocchi, Érika L Naka, Eduardo J Tonato, Denise M A C Malheiros, Alvaro Pacheco-Silva