Dados do Trabalho


Título

MANUTENÇAO DO CORTICOIDE PODE INTERFERIR NO RISCO DE MORTALIDADE APOS A PERDA DO ENXERTO RENAL.

Introdução

Acompanhar os desfechos clínicos de pacientes transplantados de rim (TxR) após a perda do enxerto ajuda a definir a qualidade da atividade transplantadora. Grande parte dos dados disponíveis encerram suas análises de desfechos quando o paciente perde o enxerto, ou morre na incidência do TxR. Prolongar esse acompanhamento para além da perda pode agregar informações relevantes no cuidado clínicos. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os fatores de risco relacionados à mortalidade após a perda do TxR.

Material e Método

Estudo de coorte histórica com 944 pacientes TxR, realizados entre 2002-15, acompanhados até 2017. Ao todo 54 variáveis incidentes no TxR e no período precoce após o retorno à diálise foram testadas em análise univariada, comparando pacientes que morreram ou não após a perda do TxR. Delas, aquelas com p<0,20 foram incluídas em análise multivariada por regressão logística de Cox.

Resultados

Dos 944 pacientes, 23% evoluíram com perda do enxerto em 68,1 (31,6; 112,4) meses e estes foram seguidos por um período médio de 30,9 (13,0; 53,4) meses após a perda. A taxa bruta de óbito foi de 21,7%, em 21,4 (10,4; 46,5) meses após a perda. Comparamos as características clínicas na incidência do transplante dos pacientes que evoluíram com óbito após a perda do enxerto com aqueles que permaneceram vivos no tempo de seguimento e observamos as seguintes diferenças (óbito vs. não óbito, respectivamente): idade em anos (50,2±14,8 vs. 38,0±13,8, p=0,0002), DM como causa de DRC (36% vs. 6,7%, p=0,0005), número de transfusões (1,1 vs. 1,24, p=0,02), incompatibilidade HLA-B (3,5 vs. 3,0, p=0,009), frequência de rejeição aguda celular - RAC (32% vs. 62,2%, p=0,07), retorno à TRS em HD (88% vs. 98,9%, p=0,006), manutenção de prednisona (64% vs. 33,3%, p=0,006) e realização de enxertectomia (36% vs. 58,9%, p=0,042). Na análise multivariada, as seguintes variáveis estiveram relacionadas com o risco de óbito: DM (HR= 5,09; IC95%= 1,89-23,7; p=0,001), manutenção de prednisona (HR= 6,86; IC95%= 2,58-18,2; p<0,001) e RAC (HR= 0,36; IC-95%= 0,14-0,94; p=0,038).

Discussão e Conclusões

Observamos que é possível definir variáveis da incidência no TxR relacionadas ao risco de mortalidade após a perda do enxerto renal. Em modelo ampliado de análise, observamos que pelo menos uma variável modificável, a manutenção do corticoide após a perda do enxerto, este relacionada, de forma independente ao risco de morte após o retorno à diálise.

Palavras Chave

Tx Rim; Perda do Enxerto; Corticoide

Área

Transplante

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

Lúcio R Requião-Moura, Paulo R Bicalho, Érika F Arruda, Rogério Chinen, Luciana M M B Pires, Ana P F Bertocchi, Érika L Naka, Eduaro J Tonato, Alvaro Pacheco-Silva