Dados do Trabalho


Título

TAXA DE FILTRAÇAO GLOMERULAR E FUNÇAO TUBULAR PROXIMAL ANTES DA NEFRECTOMIA SAO PREDITORES DE FUNÇAO RENAL 5 ANOS APOS A DOAÇAO.

Introdução

o transplante de rim com doador vivo está relacionado com inúmeras vantagens para o receptor, entretanto elas devem ser balanceadas com os riscos ao doador, especialmente aqueles relacionados com a hiperfiltração e consequente desenvolvimento tardio de doença renal crônica (DRC). Esse risco deve ser exaustivamente considerado antes da efetivação da doação para agregar maior robustez na decisão de ser um doador. Considerando essas informações, o objetivo deste trabalho foi avaliar variáveis relacionados com o risco de perda função renal em seguimento de longo prazo de doadores que efetivaram a doação em vida.

Material e Método

Trata-se de estudo de coorte com 397 doadores de rim vivo que efetivaram a doação entre 2002-14 e foram acompanhados até 2017, com tempo médio de 87,1 (51,3; 126,4) meses. O desfecho primário foi TFGe ( por CKD-Epi) <60ml/min/1,73m2 ao final de 5 anos após a doação. A avaliação da função tubular proximal foi realizada pela dosagem urinária da Retinol Binding Protein (RBPu). A análise multivariada para a probabilidade deste desfecho foi realizada por regressão logística binária e a variação de função ao longo do tempo por modelo generalizado misto.

Resultados

Da coorte inicial, 229 (57,7%) tinham TFGe avaliada 5 anos após a doação e todos esses doadores foram incluídos nesta análise. As características de base dos doadores foram: idade de 44,1±11,0 anos, 62% mulheres e 10,1% afrodescendentes; 13,7% tinham obesidade e 3,5% HAS, com médias de PAS e PAD de 119,5±13,2 e 73,7±10,1 mmHg, respectivamente. Antes da doação eles apresentavam TFGe de 101,0±16,0 e proteinúria de 0,10±0,06 g/24h. Em 52,5% a RBPu estava disponível na avaliação pré doação: 0,16 (0,05; 0,53) mg/L, estando elevada (cut-off>0,4) em 43,9%. Após a nefrectomia (2º e 3º dia) houve uma redução na TFGe de 34,1 [-44,7; -23,9], quando comparada com aquela obtida antes da doação. Após 5 anos, a TFGe foi de 72,8±15,2, entretanto 20,9% tinham valores persistentemente inferiores a 60 ml/min. No modelo de análise multivariada que incluiu 12 variáveis, este desfecho esteve associado com as seguintes variáveis: TFGe pré doação (OR=0,87; IC95%= 0,83-0,92; p<0,0001) e RBPu>0,4 (OR=5,26; IC95%= 1,44-19,2; p=0,012).

Discussão e Conclusões

A pior função renal entre doadores acompanhados em longo prazo foi influenciada pela RPBu e pela TFGe inicial, que podem ser utilizadas antes das tomadas de decisões para a efetivação da doação.

Palavras Chave

Doador vivo; Taxa de filtração glomerular; Função tubular proximal; Doença renal crônica

Área

Transplante

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

Lúcio R Requião-Moura, Paula R Bicalho, Alvaro Pacheco-Silva