Dados do Trabalho
Título
ASSOCIAÇAO ENTRE GASTO ENERGÉTICO DE REPOUSO E APORTE CALÓRICO NA MORTALIDADE DE PACIENTES CRÍTICOS COM SEPSE ASSOCIADA OU NAO A INJURIA RENAL AGUDA
Introdução
A avaliação das necessidades nutricionais, incluindo o gasto energético de repouso (GER), é crucial no cuidado ao doente crítico. Assim, objetivou-se comparar o GER estimado pela fórmula Harris Benedict e aferido pela calorimetria indireta(CI) de pacientes sépticos sem IRA, com IRA sem necessidade de diálise e com IRA dialítica e avaliar a adequação do aporte calórico e sua associação com o desfecho óbito.
Material e Método
Estudo de coorte prospectivo que avaliou pacientes com sepse admitidos em UTI de hospital universitário, >18 anos, em ventilação mecânica e FiO2 < 0,6 e com terapia nutricional enteral ou parenteral durante 24 m consecutivos. Os pacientes foram divididos em 3 grupos (G1: sepse sem IRA; G2: sepse e IRA; G3: sepse e IRA dialítica) e tiveram o GE estimado pela equação de HB e determinado por CI. Considerados como meta valores de adequação de energia entre 70 e 100% das necessidades calóricas determinadas e de adequação proteica >80% das necessidades.
Resultados
Avaliados 125 pacientes com sepse; IRA presente em 80%, sendo 49,6% com necessidade dialítica. Não foi observada diferença entre os grupos quanto ao GER aferido e estimado. Os grupos sepse sem IRA (n=25), sepse com IRA (n=43) e sepse com IRA dialítica (n=57) apresentaram GER médio medido estatisticamente maior que estimado (1855,0 (1636,75 - 2052,75) vs. 1551,0 (1349,0 - 1719,25), p=0,007, 1868,0 (1219,5 – 2364,75)vs.1388,0 (1254,0 – 1665,5), p=0,02 e 1986 (1477-2419) vs 1426 (1270-1715), p<0,001 respectivamente). Nos três grupos, houve predomínio de inadequação do aporte calórico (72% dos sépticos sem IRA, 79% dos sépticos com IRA e 74% dos sépticos com IRA dialítica; p=0,75). Houve predomínio de indivíduos com inadequação do aporte de proteína tanto no grupo sepse sem IRA (60%), quanto nos grupos sepse com IRA (67%) e sepse com IRA dialítica (65%), p=0,82. O aporte calórico e proteico e a adequação calórica foram estatisticamente maiores no grupo que evoluiu para alta hospitalar, sendo a adequação calórica fator protetor de mortalidade.
Discussão e Conclusões
Não foi observada diferença entre os grupos quanto ao GER aferido pela CI e estimado por HB, sugerindo que a sepse exerça maior influência no aumento do GER que a presença de IRA e diálise. Os grupos apresentaram GER medido estatisticamente maior que estimado. Nenhum dos grupos apresentou adequação calórica e proteica segundo necessidades. A inadequação calórica foi fator de risco independente para óbito de pacientes sépticos com ou sem IRA em UTI.
Palavras Chave
lesão renal aguda, gasto energético, necessidades nutricionais
Área
Multiprofissional: Nutrição
Instituições
Faculdade de Medicina de Botucatu-FMB/UNESP - São Paulo - Brasil
Autores
Ana Cláudia Soncini Sanches, Cassiana Regina Góes, Marina Nogueira Berbel Bufarah, André Luiz Balbi, Daniela Ponce