Dados do Trabalho
Título
SINDROME NEFROTICA SECUNDARIA A LUES
Introdução
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum e é considerada um problema de saúde pública. O envolvimento renal normalmente se manifesta como proteinúria leve transitória, síndrome nefrótica associada a doença de lesões mínimas, nefropatia membranosa ou eventualmente glomerulonefrite membranoproliferativa.
Material e Método
Descrever um caso de uma adolescente com síndrome nefrótica secundária a sífilis primária com reversão completa do quadro após 2 meses de tratamento padrão com penicilina G benzatina.
Resultados
L.A.E.S, feminino, 16 anos, natural de São Paulo, vem encaminhada ao ambulatório de nefrologia com quadro de indisposição e edema de membros inferiores há 6 semanas, sem associação com uso de medicamentos, sem relação com processos inflamatórios ou infecciosos.
Exame físico revelou sinal de Godet 3+/4+. Ultrassonografia de rins e vias urinárias normal. Exames laboratoriais iniciais: Hb 11,6 g/dL; Leucócitos 8300 cel/mm3; Plaquetas 327.000 cel/mcL; Cr 0,6 mg/dL; Ur 19 mg/dL; Na 138 mg/dL, K 4,3 mg/dL; Albumina 2,20 mg/dL; Colesterol total 326 mg/dL; LDL 228 mg/dL; Urina 1 com proteína 3+ sem leucocitúria e hematúria; Proteinúria de 4,7 g/24h; FAN negativo; FR negativo; ASLO negativo; Via de complemento C3 normal e C4 normal; Sorologias para hepatite B negativo, hepatite C negativo, HIV negativo, Sífilis VDRL 1/64 e TPHA positivo.
Após tratamento com penicilina G benzatina, paciente retorna à consulta médica com novos exames complementares solicitados: Hb 13,7 g/dL; TSH 1,14 mg/dL; Glicose 87 mg/dL; Hb glicada 6,1%; Via de complemento C3 normal e C4 normal; Cr 0,7 mg/dL; Albumina 4,4 mg/dL; Colesterol total 172 mg/dL; Urina 1 dentro da normalidade; Relação proteina/creatinina em amostra isolada de urina ZERO; Sorologia Sífilis VDRL 1/2 e TPHA positivo.
Discussão e Conclusões
Com o aumento da incidência de sífilis entre os países emergentes, o nefrologista deve estar atento a esta entidade clínica como parte da gama de diagnósticos diferenciais de doenças glomerulares. Nesta síndrome, a biópsia renal normalmente está indicada; neste caso, todavia, devido à resolução da proteinúria e do perfil lipídico, a indicação de biópsia não mais se mostrou necessária. Casos como este reforçam a ideia de que o tratamento da doença infecciosa primária ganha importância em detrimento do manejo clínico da doença glomerular secundária, cabendo ao nefrologista exercer os papeis de realizar o diagnóstico e de instituir o tratamento adequado precocemente.
Palavras Chave
Síndrome nefrótica, lues, sífilis, biópsia renal
Área
Doenças do Glomérulo
Instituições
Universidade de Santo Amaro - UNISA - São Paulo - Brasil
Autores
Anderson Simabuco Kohatsu, Andre Luiz Fonseca Potratz, Graziella Malzoni Leme, Lígia Cortez Coracini , Karolayne Camara de Barros, Fábio Aguiar Castellani , Julio Abdala Calil Filho