Título

EXPERIENCIA DE UM SERVIÇO TERCIARIO NO TREINAMENTO DE MEDICOS RESIDENTES NA REALIZAÇAO DE BIOPSIA PERCUTANEA DE RIM NATIVO GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA

Introdução

A biópsia renal percutânea é uma ferramenta diagnóstica fundamental na prática da Nefrologia Clínica. Atualmente existe uma forte discussão quanto a viabilidade do treinamento e realização do procedimento por médicos Nefrologistas. O objetivo deste estudo é relatar a experiência de 10 anos de um serviço acadêmico terciário na capacitação de médicos residentes para realização das biópsias percutâneas de rim nativo guiadas por ultrassonografia e apresentar um modelo de treinamento realístico em bonecos desenvolvidos no serviço.

Material e Método

Este é um estudo de coorte retrospectiva de biópsias de rim nativo realizadas entre Janeiro/2009 e Dezembro/2018 em um centro de formação acadêmica. Os procedimentos foram realizados por médicos do segundo ano de residência em Nefrologia do serviço e supervisionados por preceptores do programa. Foram analisados fatores preditores para complicações, desfechos clínicos e qualidade das amostras além de apresentado o modelo para capacitação dos residentes.

Resultados

Foram realizadas 1387 biópsias; a média de idade foi de 40,7±16,2 anos com 59,8% dos pacientes do sexo feminino (n=830) e Índice de Massa Corpórea 25,21 kg/m². Os pacientes apresentavam pré-biópsia: creatinina sérica 2,2±1,9 mg/dL, ureia 67±35 mg/dL, hemoglobina 11,7±1,8 g/dL e plaquetas 262.000± 95.300 por mm³. Do total de biópsias, 91,4% não apresentaram complicações (n=1268) ; 4,5% apresentaram hematúria (n=63) ; 2% hematoma sintomático (n=28) ; 2% complicações maiores, definido por transfusão de hemácias e/ou arteriografia (n=28). Os fatores preditores independentes de complicações maiores foram sexo feminino (OR 2,9 IC 1,01-8,1 p=0,049), hemodiálise (OR 8,0 IC 2,9-22,2, p<0,001), plaqueta (OR 0,99 IC 0,98-0,99, p=0,035) e hemoglobina (OR 0,61 IC 0,4-0,96, p=0,032). Obtivemos uma média de 18±9,8 glómerulos na microscopia óptica e 11±8,0 na imunofluorescência. Do total de amostras avaliadas, 90% apresentavam no mínimo 8 glomérulos para análise. Após relatos de dificuldade inicial durante o procedimento por parte dos residentes, foi desenvolvido em 2016 um modelo teórico-prático baseado em discussão de casos clínicos e realização de treinamento em manequim.

Discussão e Conclusões

As biópsias renais realizadas por médicos Nefrologistas em treinamento foram seguras e eficientes. O modelo de treinamento em bonecos simula de maneira adequada o procedimento realizado em humanos, auxiliando na formação de residentes.

Palavras Chave

biópsia renal percutânea, ensino médico, nefrologia intervencionista

Área

Doenças do Glomérulo