Dados do Trabalho


Título

PRODUTOS FINAIS DA GLICAÇAO AVANÇADA (AGES): VALORES DE REFERENCIA EM UMA AMOSTRA DA POPULAÇAO BRASILEIRA

Introdução

Os produtos finais da glicação avançada (AGEs) são toxinas urêmicas com efeitos biológicos negativos diversos. A deposição de AGEs na pele influencia sua autofluorescência (sAF), cuja leitura expressa o grau de acúmulo de AGEs no organismo. Acredita-se que existam diferenças de sAF entre raças e grupos populacionais. Nosso objetivo é estabelecer uma curva populacional contendo valores de referência da sAF em amostra aparentemente saudável da população brasileira.

Material e Método

Estudo clínico, observacional, prospectivo, realizado de Abril/2018 a Abril/2019, onde 184 indivíduos entre 18-80 anos, sem diabete mellitus ou doença renal crônica (DRC), não tabagistas tiveram a sAF medida em triplicata através do dispositivo AGE-Reader™. Dados clínicos, laboratoriais e antropométricos foram coletados e agrupados em faixas etárias: 18-29; 30-39; 40-49; 50-59; 60-69 e 70-80 anos, e comparados historicamente com valores de sAF em indivíduos holandeses.

Resultados

184 indivíduos, idade de 39 ± 13 anos, sendo 118 (64%) mulheres, 158 (86%) caucasoides, com IMC de 26 ± 5 kg/m², níveis séricos de colesterol total de 186 ± 41 mg/dL, LDL-colesterol 112 ± 30 mg/dL, HDL-colesterol de 54 ± 17 mg/dL e triglicérides 104 ± 51 mg/dL, apresentaram nível de sAF de 2,16 (1,2-3,7) UA. Houve diferenças dos níveis de SAF entre faixas etárias: 18-29 anos vs. 30-39 [1,8 (1,6-2) vs. 2 (1,8-2,2) UA; p = 0,0001)]; 30-39 vs. 40-49 [2 (1,8-2,2) vs. 2,2 (2,1-2,6) UA; p = 0,0001]; 40-49 vs. 50-59 [2,2 (2,1-2,6) vs. 2,5 (2,3-2,6) UA; p = 0,0001]; 50-59 vs. 60-69 [2,5 (2,3-2,6) vs. 3 (2,7-3,3) UA; p = 0,0001]. Houve diferença entre a sAF de brasileiros vs. holandeses [2,16±0,5 vs. 1,79±0,3 UA; p<0,0001]. sAFs correlacionou-se com a idade (R=0,69; p<0,0001), escore de risco Framingham (R=0,46; p<0,0001) e pressão arterial média (R=0,17; p=0,04).

Discussão e Conclusões

A sAF de uma amostra populacional de brasileiros aumentou conforme a faixa etária, e esteve relacionada com a idade e parâmetros de risco cardiovascular. Aparentemente a sAF de brasileiros é mais elevada que os homólogos de idade holandeses. Tal informação poderá ser utilizada como base de comparação em estudos em pacientes com DRC.

Palavras Chave

Doença Renal Crônica; Produtos Finais da Glicação Avançada; AGE-Reader

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - São Paulo - Brasil

Autores

Rafael Yuri Sano, kelcia da Silva Quadros, Noemi Angelica Vieira Roza, Cinthia Esbrile Moraes Carbonara, Rodrigo Bueno de Oliveira