Dados do Trabalho


Título

ALELOS DE ALTO RISCO DE APOL1 NA SINDROME NEFROTICA PEDIATRICA NO BRASIL – REBRASNI – REDE BRASILEIRA DE SINDROME NEFROTICA NA INFANCIA

Introdução

Genótipo de alto risco de APOL1 (GAR) associa-se a apresentação mais tardia de glomeruloesclerose segmentar e focal/glomerulopatia colapsante (GESF/GC) e progressão mais rápida para doença renal terminal (DRT) em população pediátrica com síndrome nefrótica (SN). Ainda não dispomos, contudo, de análises em população pediátrica nacional.

Material e Método

Estudo multicêntrico caso-controle incluindo 265 pacientes com manifestação de SN antes de 18 anos de idade, 149 dos quais com evolução para DRT (caso) e 116 em DRC estágios 1-4 (controle). A população foi avaliada quanto à idade de diagnóstico, tempo de evolução para DRT, recidiva após transplante renal e prevalência de GAR: G1/G1, G1/G2 ou G2/G2. Sequenciamento realizado por Sanger e/ou painel de genes relacionados a SN.

Resultados

A casuística incluiu 151 pacientes masculinos (57%), mediana de idade ao diagnóstico de 3 anos (IQR 2-7 anos) e mediana do tempo de seguimento de 4,5 anos (IQR 2,3-8,1 anos). Destes, 76/265 (28,7%) se declararam pretos/pardos, 166/265 (63%) apresentaram SN córtico-resistente (SNCR) e 88/265 (33%) apresentaram diagnóstico histológico de GESF/GC. Quinze pacientes (6%) apresentaram GAR, enquanto apenas um alelo de alto risco (AAR) foi encontrado em 42 (16%). Não houve diferença na distribuição de frequência de tais alelos entre as raças autodeclaradas (p=0,248). A presença de GAR associou-se a evolução para DRT (OR 6,02 (95% IC=1,33-27,34); p=0,02), grupo no qual GESF/GC e SNCR também foram mais frequentes (p<0,001). A idade de início de SN foi maior para os pacientes com GAR comparados àqueles com 0 ou 1 AAR (p<0,001). Indivíduos com um AAR apresentaram tendência de menor sobrevida renal que os sem AAR (HR 1,5 (95% IC=0,96-2,32); p=0,074), efeito que se torna significante após ajuste para GESF/GC (HR=1,98 (95% IC=1,14-3,43); p=0,014). Pacientes com GAR, por sua vez, cursaram com menor sobrevida renal tanto na análise global (HR 2.88, (95% IC=1,42 a 5,86); p=0,003) como após ajuste para GESF/GC (HR 2,33 (95% IC=1,23 a 5,18); p=0,012). Recidiva da SN ocorreu em 25/102 (25%) dos transplantados renais sem AAR e em 8/27(30%) dos casos com um AAR, porém em nenhum dos 11 pacientes com GAR (p=0,144).

Discussão e Conclusões

Genótipo de alto risco de APOL1 se associou a manifestação mais tardia de SN e a progressão mais rápida para DRT. Nossos dados sugerem que a presença de apenas um alelo de alto risco possa agravar o curso de SN associada a etiologias não relacionadas primariamente a APOL1.

Palavras Chave

REBRASNI, APOL1, SINDROME NEFROTICA, GENETICA, GESF

Área

Nefrologia pediátrica

Instituições

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade Estadual de Campinas - São Paulo - Brasil, Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Andreia Watanabe, Mara Sanches Guaragna, Fernanda Serafim Casimiro, Luciana de Santis Feltran, Precil Diego Neves, Lilian Monteiro Palma, Patricia Varela Teixeira, Suely Kasue Marie, Marcela Lopes de Souza, Anna Gervasio Lutaif, Cassio R Ferrari, Joao Bosco Pesquero, Vera Maria Belangero, Luiz Fernando Onuchic, Paulo Koch Nogueira