Dados do Trabalho


Título

FRATURA DE QUADRIL SECUNDARIA A TUMOR MARROM ANTES DO DIAGNOSTICO DA DOENÇA RENAL CRONICA (RELATO DE CASO)

Introdução

O distúrbio mineral e ósseo associado a doença renal crônica (DRC) é comum e a prevalência aumenta com a piora progressiva da função renal. O tumor marrom é uma lesão focal de células gigantes, associada ao hiperparatireoidismo grave, sendo observado principalmente nos pacientes dialíticos e incomum em pacientes em tratamento conservador. É resultado de alta atividade osteoclástica, causando lesões ósseas e dor. A ocorrência é mais comum na mandíbula e mais frequente em mulheres acima de 50 anos. Na maioria dos casos, a DRC é diagnosticada antes dos problemas ósseos se desenvolverem. O presente relato visa demonstrar apresentação atípica de tumor marrom.

Material e Método

Revisão de prontuário e seguimento do paciente.

Resultados

Paciente H.S., masculino, 34 anos, hígido, admitido no setor de urgência da ortopedia, com relato de queda da própria altura e dor em região do quadril, com piora progressiva há um mês. Associado ao quadro, perda ponderal 8 kg em 3 meses. Observado lesão lítica e fratura em asa do ilíaco esquerdo. Exames laboratoriais evidenciaram piora importante de função renal (Cr 7,8 mg/dl Ur 181 mg/dl) e anemia (Hb 7,3), sem alterações nas séries branca ou plaquetária.
Aventada hipóteses de osteossarcoma e mieloma múltiplo, com eletroforese de proteínas séricas e urinárias normais. Avaliação da nefrologia e complementação laboratorial: urina I sem alterações, cálcio 8,4 mg/dl, hiperfosfatemia (P 7,9 mg/dl), PTH 1485 (VR 11-67 pg/ml), FA 242 mg/dl e acidose metabólica (pH 7,25 e bicarbonato 16,3). Ultrassonografia (US) renal compatível com nefropatia parenquimatosa crônica (rim direito 5,8 cm e esquerdo 6,4 cm) e US pararatireóides, sem alterações. Cintilografia paratireóides evidenciou hiperplasia no polo inferior dos lobos tireoidianos. Realizada biópsia óssea com ausência de neoplasia. Os achados de hiperparatireoidismo confirmaram o diagnóstico de tumor marrom. Paciente submetido a implante de cateter de tenckhoff e iniciada diálise peritoneal, devido persistência da azotemia. Encaminhado para cirurgia de paratireoidectomia.

Discussão e Conclusões

O tumor marrom pode se desenvolver em pacientes com DRC e simular neoplasia óssea, devendo ser considerado no diagnóstico diferencial dos tumores ósseos desses pacientes. Apesar de incomum, o diagnóstico de DRC pode ser realizado após complicação da própria doença. O controle do hiperparatireoidismo é mandatório e o tratamento de escolha é a paratireoidectomia.

Palavras Chave

Doença renal crônica, hiperparatireoidismo secundário, tumor marrom

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

Pamela Falbo, Adriano Toshio Higaki, José Vicente Tagliarini, João Henrique Castro, Jacqueline Costa Teixeira Caramori