Dados do Trabalho


Título

MICROANGIOPATIA TROMBOTICA RENAL NA NEFRITE LUPICA

Introdução

A microangiopatia trombótica renal (MATr) é umas das várias manifestações vasculares que podem ser encontradas na nefrite lúpica(NL). O valor prognóstico desse achado histológico ainda é pouco estudado e controverso na literatura. O objetivo desse estudo foi avaliar a apresentação clínica, laboratorial, histológica e prognóstica de pacientes com achados de nefrite lúpica concomitante a MATr na biópsia renal.

Material e Método

Foram avaliados retrospectivamente critérios clínico-laboratoriais e histopatológicos de 253 pacientes com NL comprovada por biópsia renal entre janeiro de 2012 e dezembro de 2018 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Resultados

Dos 253 pacientes, 43 (17%) apresentaram MATr na biópsia. O grupo com MATr, comparativamente ao grupo sem MAT, apresentou função renal, definida por creatinina e por CKD-EPI, pior no momento da biópsia (23,70 IQR 42,4 vs. 62,30 IQR 74,5, p<0,001), com 1 ano (27,10 IQR81,6 vs. 64,70 IQR 76,9, p<0,001) e ao final do seguimento (6,10 IQR vs. 61,6 IQR 62,8, p< 0,001). O desfecho composto de necessidade de hemodiálise, clearance de creatinina inferior a 15 e óbito também foi estatisticamente superior no grupo com MATr (79,4% vs. 31,8%, p <0,001).
Com relação aos parâmetros histopatológicos, o grupo com MATr apresentava índices de atividade (9,0 IQRR 7 vs. 6,0 IQRR 7, p=0,001) e cronicidade (4,0 IQR 4 vs. 3,0 IQR 3, p =0,001) mais altos. Na análise da imunohistoquímica, não houve diferença em relação a C3 (p=0,328), C1q (p=0,251) ou IgG (p=0,583). Já na análise dos parâmetros clínicos do momento da biópsia, houve diferença estatística com relação a hemoglobina (10,25 IQR 1,9 vs. 10,9 IQR 1,9, p=0,02), desidrogenase lática (DHL) (378 IQR241,8 vs. 263 IQR 150, p=0,008), mas sem diferença com relação a haptoglobina C3, C4, albumina, proteinúria ou hematúria em valores contínuos.

Discussão e Conclusões

A presença de MATr determina um pior desfecho renal, comprovado tanto por creatinina e CKD-EPI estatisticamente inferior quanto por maior número de pacientes que evoluíram com necessidade de hemodiálise.
Ao comparar parâmetros clínicos, nenhum dos pacientes com MATr apresentavam diagnóstico clínico de anemia microangiopática e o diagnóstico de MATr só foi possível, portanto, através da biópsia renal. Deste modo, a MATr aparenta ser um importante fator de pior prognóstico renal, com seu diagnóstico dependendo exclusivamente da biópsia renal para ser obtido.

Palavras Chave

biópsia renal; microangiopatia trombótica; nefrite lúpica; prognóstico

Área

Doenças do Glomérulo

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - São Paulo - Brasil

Autores

Fernando Louzada Strufaldi, Cristiane Bitencourt Dias, Viktoria Woronik, Luis Yu, Livia Barreira Cavalcante, Lectícia Barbosa Jorge