Dados do Trabalho


Título

MIASTENIA LIKE EM PACIENTE DIALITICO EM USO DE POLIMIXINA B: RELATO DE CASO

Introdução

Pacientes com doença renal crônica dialítica (DRCd) são mais susceptíveis às reações adversas de medicamentos. A prevalência da neurotoxicidade relacionada às polimixinas é de 7% em pacientes com DRC e caracteriza-se por fraqueza, parestesias periféricas e faciais, oftalmoplegia, dificuldade de deglutição, ataxia e ptose palpebral.Bloqueio muscular com insuficiência respiratória aguda (IRpA) e necessidade de suporte ventilatório é considerado evento adverso raro. Objetivo: relatar a neurotoxicidade caraterizada por ataxia, fraqueza muscular e IRpA em paciente com DRCd em uso de polimixina B.

Material e Método

Revisão de prontuário e literatura.

Resultados

Paciente masculino, 61 anos, em hemodiálise (HD) há 1 ano devido à Doença Renal do Diabetes, em tratamento de infecção de corrente circulatória relacionada ao cateter por Pseudomonas com Polimixina B e Meropenem. No 7º dia de tratamento, queixou-se de disfagia. Em avaliação da fonoaudiologia, verificado tempo de trânsito oral aumentado. No 9º dia de tratamento, apresentou piora da disfagia, dificuldade de deambulação e da fala. Ao EF, apresentava disartria leve, marcha atáxica, dismetria à esquerda, semiptose à esquerda e disdiadocinesia. Aventada a hipótese diagnóstica (HD) de reação adversa à droga pela equipe da nefrologia e solicitada avaliação da neurologia que teve como HD acidente vascular encefálico (AVE). Na tentativa de diminuir o efeito neurotóxico, optado por trocar Polimixina B para Polimixina E, aumentar o tempo de infusão e associar ácido ascórbico intravenoso. No 13º dia, evoluiu com rebaixamento de nível de consciência e IRpA de padrão hipercápnica, necessitado de intubação orotraqueal, sendo interpretado como piora da neurotoxicidade e evolução para bloqueio neuromuscular. Iniciado piridostigmina (inibidor de colinesterase) e suspenso o antibiótico. Realizada TC e RM de crânio, ENMG e coleta de líquor como investigação complementar para exclusão de diagnósticos diferenciais (AVE, doença da junção neuromuscular, infecção e tumor cerebral), os quais foram excluídos. Paciente foi extubado um dia após a introdução da piridostigmina e recebeu alta hospitalar 3 dias após.

Discussão e Conclusões

A neurotoxicidade em pacientes com DRCd deve ser considerada na escolha do antimicrobiano. O bloqueio neuromuscular induzido pelas polimixinas, embora raro, é grave e deve ser lembrado como efeito adverso, principalmente na população dialítica. Neste caso, foi resolvido após suspensão da droga e introdução do inibidor de colinesterase.

Palavras Chave

Neurotoxicidade, polimixina B, bloqueio neuromuscular

Área

Nefrologia Clínica

Instituições

UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

Cassia Lopes Dantas, Mariana Tavares Tanno, Lucas Weiss Santos, Camila Cristina Abrantes Formiga, Natalia Castro Fim Nakao, Daniela Ponce