Dados do Trabalho
Título
ABSCESSO HEPATICO E DIALISE PERITONEAL: UM RELATO DE CASO.
Introdução
No Brasil 122.825 pacientes estão em diálise crônica; destes cerca de 7,9% realizam Diálise Peritoneal (DP). Entre as complicações infecciosas a peritonite bacterina (PB) é a mais comum, mas raramente há ocorrência de abscesso hepático.
Material e Método
As informações foram obtidas por revisão do prontuário, exames laboratoriais e de imagem.
Resultados
B.T.L, 71 anos, portador de doença renal crônica (DRC) secundária à diabetes mellitus (DM), está em DP automatizada há 16 meses, com episódio único de peritonite há 1 ano por Staphylococcus aureus sensível à Oxacilina (S.a. OxaS). Iniciou quadro de febre, dor abdominal e adinamia há 8 dias. Ao exame físico: confuso, afebril, dor à palpação do hipocôndrio direito, sem sinais de peritonite. Exames laboratoriais: Leucócitos: 6.440/mm3 (Polimorfonucleares - PMN - 64.4%), proteína C reativa 239 mg/L (PCR), transaminases hepáticas e bilirrubinas normais, fosfatase alcalina 432 U/L, γGT 419 U/L, albumina 2.3 g/dL. Líquido peritoneal turvo, 5040 células/mm3, 59% Leucócitos (PMN 87%), cultura isolou S.a. oxaS. Iniciado Cefazolina porém após 72 horas persistia alteração do estado geral e PCR elevada. Tomografia computadorizada de abdome evidenciou imagem de conteúdo espesso com nível hidroaéreo medindo 16.5 x 10.0 x 16 cm no lobo direito do fígado, compatível com abscesso hepático. Realizada drenagem percutânea, guiada por ultrassom, com retirada de 1500 ml de liquido purulento, com crescimento de S.a. OxaS. Retirado Tenckhoff, iniciado hemodiálise (HD) e mantido antibiótico por 6 semanas, evoluindo com resolução do quadro infeccioso.
Discussão e Conclusões
Paciente DRC está predisposto a apresentar complicações infecciosas sendo uma das principais causas de transição de método de DP para hemodiálise (HD) e a segunda maior causa de mortalidade nesta população. O agente mais comumente relacionado PB nesta população é o S.aureus seguido por Staphylococcus epidermidis. O abscesso hepático tem rara ocorrência, mais comumente observado em DP comparado à HD. Os fatores de risco incluem idade maior que 65 anos, DM, malignidade, alcoolismo e acometimento de vias biliares. Os bacilos gram-negativo entéricos (Escherichia coli e Klebisiella pneumoniae) são os agentes mais prevalentes.
O tratamento antimicrobiano combinado à drenagem percutânea tem mostrado redução da mortalidade. Neste relato o abscesso hepático pode ter ocorrido por disseminação hematogênica ou por contiguidade, sendo corroborado pela presença do mesmo agente etiológico no liquido peritoneal e liquido drenado.
Palavras Chave
Diálise peritoneal, peritonite bacteriana, abscesso hepático.
Área
Doença Renal Crônica
Instituições
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina São Paulo (HC-FMUSP) - São Paulo - Brasil
Autores
Jeison de Oliveira Gois, Rebeca Lima Costa, Carla Cabrera Sandoval, Pablo Andrade Vale, Érica Adelina Guimarães, Rosilene Motta Elias, Hugo Abensur