Título

NEFRITE INTERSTICIAL CRONICA POR MEDICAMENTOS EM PACIENTE COM VASCULITE PAUCI-IMUNE: RELATO DE CASO

Introdução

As glomerulonefrites associadas ao ANCA constituem uma das formas mais comuns de glomerulonefrite rapidamente progressiva, caracterizadas morfologicamente por um padrão pauci-imune e formação de crescentes.

Material e Método

Relatar um caso de vasculite associada ao ANCA concomitante a uma nefrite intersticial medicamentosa, com componentes de cronicidade.

Resultados

Paciente feminina, 63 anos, natural de Fortaleza – CE e procedente de Santa Cruz do Sul – RS, apresentou quadro progressivo e insidioso de paresia de MMII, sem dor associada, além de avolia, anedonia, hiporexia e sensação de desequilíbrio, 10 dias após início de Lansoprazol para tratamento de DRGE prévio. Procurou assistência médica homeopata, sendo prescrito mais de 15 medicações homeopáticas, fitoterápicas e ortomoleculares, além de exames laboratoriais, que revelaram ureia de 77mg/dL, creatinina de 3,65mg/dL e K+ de 5,7mg/dL. Procurou serviço de nefrologia privado, sendo prescritos prednisona 60mg/dia, carbonato de cálcio e vitamina D. Evoluiu com intensificação da fraqueza de MMII e do quadro de avolia e anedonia, procurando assistência médica no Hospital Geral de Fortaleza, onde foi internada para investigação. À admissão apresentava-se hipocorada (2+/4), com sopro sistólico (2+/6) e PA de 150/80 mmHg. Sumário de urina identificou proteinúria e hematúria (12/c), sem dismorfismo eritrocitário. Exames laboratoriais não evidenciariam alteração de eletrólitos ou gasometria. FAN reagente 1:160 com padrão nuclear pontilhado fino denso com placa metafásica reagente, p-ANCA reagente 1:40. Ao US, apresentou aumento da ecogenicidade, sugestivo de nefropatia parenquimatosa. Biópsia renal revelou glomerulonefrite crescêntica, nefrite intersticial crônica e fibrose intersticial leve. Evoluiu com melhora da função renal, sendo indicada pulsoterapia. Recebeu alta após 17 dias de internação, com creatinina de 1,4.

Discussão e Conclusões

Um acometimento renal parenquimatoso, como a nefrite intersticial medicamentosa, pode agravar a atividade e cronicidade de um quadro de glomerulonefrite associada ao ANCA, servindo como fator importante de confusão no diagnóstico clínico. A biopsia renal apresenta-se como um recurso útil para a diferenciação desses acometimentos, o qual possibilita verificar concomitantemente a lesão glomerular e intersticial e avaliar o grau de cronicidade do acometimento renal.

Palavras Chave

ANCA, Nefrite Intersticial Crônica