Título

Construção e implementação de ações para melhoria da notificação das arboviroses em Unidade de Pronto Atendimento do Município de Camaçari-BA.

Por que este Projeto Aplicativo deve ser selecionado para apresentação no IEP/HSL? Justifique considerando sua aplicação e a relevância para o SUS.

Trata-se de um projeto relevante, construído coletivamente, a partir da experiência de uma equipe multiprofissional que atua nos diversos setores da saúde (Zoonose, Vigilância em Saúde, Atenção Básica).
Diante da alta incidência de arboviroses e das suas graves consequências, a notificação das mesmas torna-se um instrumento fundamental para a avaliação da real situação epidemiológica e para o planejamento de ações efetivas. A atual realidade do país demonstra uma grave falha no processo de notificação e investigação de doenças, sobretudo nas Unidades de Pronto Atendimento, considerada a principal porta de entrada para usuários acometidos pelas arboviroses.
A implantação do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, proposta do nosso projeto aplicativo, visa contribuir para a produção e análise de informações epidemiológicas que subsidiem o planejamento e a organização dos níveis centrais de vigilância, bem como a prevenção e controle das doenças, principalmente as arboviroses, exercendo um papel formador do profissional da saúde, na prática diária em saúde.
Para Camaçari, a formação de núcleos de vigilância, descentralizando as ações de notificação e investigação, representa a possibilidade de identificar e reduzir o silenciamento epidemiológico . A descentralização da Vigilância Epidemiológica pode ocorrer nas UPAS, hospitais e unidades básicas de saúde, considerando que a falha na notificação é um problema nacional, e, portanto, este projeto pode ser ampliado dentro de Camaçari e/ou replicado para outros municípios.

Houve modificação do plano de ação inicial do projeto? Se sim, qual foi a modificação?

Sim. Inicialmente, o projeto voltava-se apenas para a notificação e investigação de arboviroses. No entanto, durante a sua implementação, percebeu-se a necessidade de ampliar para outras doenças que também acometem a população de forma acentuada (Atendimento Antirrábico Humano, Violências Interpessoal, Acidente de trabalho, diarreia e Infecção Respiratória das Vias Aéreas Superiores).

Qual o deslocamento verificado em direção à situação objetivo?

Para pensarmos nas ações que iríamos propor decidimos aplicar um questionário para analisar qual o conhecimento dos profissionais de saúde da UPA sobre a notificação das arboviroses. As variáveis trabalhadas foram escolhidas pautadas em artigos científicos. Verificamos que existe uma subnotificação de doenças, não somente das arboviroses, especialmente, pelos seguintes motivos:
- Os médicos e os técnicos de Enfermagem não se sentem responsáveis pela notificação de doenças, apenas sinalizam em prontuário, quando se lembram, a necessidade de notificação.
- Os profissionais alegam que não possuem tempo suficiente para realizar a notificação.
Como sugestões, os profissionais da UPA, apresentaram a lotação de um profissional, exclusivamente, para a realização da notificação de doenças e mais ações de Educação Permanente.
Após seguir todos os passos descritos no Caderno do Projeto Aplicativo do Sírio Libanês, traçamos como nós críticos o desconhecimento da notificação como atribuição do profissional e o não seguimento dos fluxos de notificação e investigação. Para melhoria deste cenário e alcance dos nossos objetivos, tem-se como ações: implementar a notificação das arboviroses na UPA Nova Aliança e criar um Núcleo de Vigilância à Saúde nesta unidade.

Há evidências de mudanças em relação à situação inicial? Se sim, quais?

Melhora significante na qualificação das informações das fichas de notificação compulsória de agravos; produção e análise de informações epidemiológicas; e condições mais satisfatórias no fluxo das informações com a Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Ambiental e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).

Quais os principais obstáculos e elementos facilitadores vivenciados para a implementação do Projeto Aplicativo?

Principais obstáculos:
- Quantidade insuficiente de profissionais no Núcleo;
- Estrutura física inadequada para o núcleo;
- Escassez de recursos materiais e financeiros;
- Informações insuficientes nas fichas de atendimento médico em sua maioria sem a suspeição e ou diagnóstico;
- Ausência de prontuário eletrônico.

Elementos facilitadores:
- Apoio da gestora local da UPA e da Diretoria de Média e Alta Complexidade e da Vigilância em Saúde;
- Alinhamento com a Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Ambiental;
- Engajamento da equipe de apoio administrativo, enfermagem e serviço social no projeto.

Quais os fatores críticos de sucesso para o Projeto Aplicativo?

Articulação intra setorial com as vigilâncias para alinhar os fluxos das informações de saúde e adesão ao projeto por parte dos gestores da saúde.

Quais os desdobramentos, produtos e/ou resultados relacionados ao projeto?

A partir da criação do Núcleo foram realizadas reuniões coma Vigilância Sanitária e Ambiental para que a UPA se tornasse Unidade Sentinela para notificação de Infecções das Vias Aéreas Superiores. Alinhamento com a Vigilância Epidemiológica para envio semanal da planilha de Monitoramento de Doença Diarreica Aguda (MDDA). Capacitação para atualização na aplicabilidade do esquema para profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular e discussão de casos com equipe multiprofissional e intra setorial. Alteração na ficha de atendimento e implantação da classificação de risco na unidade. Decisão da gestão de replicar o Núcleo para a UPA de Arembepe localizada na orla do município.